O dólar comercial fechou esta segunda-feira (28) em alta de 3,37%, a R$ 4,11 na venda. É a maior alta percentual diária desde 21 de setembro de 2011, quando a moeda norte-americana tinha subido 3,75%.
Com isso, o dólar volta a ultrapassar o nível de R$ 4 e atinge o segundo maior valor desde que o Plano Real foi criado, em 1994. Fica atrás apenas da quarta-feira passada, quando atingiu R$ 4,146.
Contexto internacional
No exterior, investidores evitavam colocar dinheiro em negócios de maior risco, como em países emergentes --o caso do Brasil.
Analistas do banco Scotiabank ressaltaram, em nota a clientes, que os mercados financeiros adotavam uma "mentalidade defensiva" nesta sessão, no início de uma semana marcada por declarações de uma série de autoridades do Federal Reserve, banco central norte-americano, bem como da divulgação dos dados de mercado de trabalho dos EUA na sexta-feira.
Pesavam, ainda, preocupações com o crescimento econômico mundial, especialmente em relação à China e a economias emergentes.
Cenário nacional
No Brasil, operadores se mantinham atentos à estratégia de atuação do Banco Central e do Tesouro Nacional. Só nas três últimas sessões, o BC atuou dez vezes --incluindo leilões de swaps cambiais (equivalentes à venda futura de dólares) para rolagem--, mas nunca no mercado à vista, vendendo dólares das reservas internacionais.
No fim de semana, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o governo está "extremamente" preocupado com a alta do dólar por causa das empresas com dívidas na moeda norte-americana, mas afirmou que as reservas internacionais do país impedem que haja uma "disruptura" por conta do câmbio.
Operadores não descartavam, no entanto, a possibilidade de novas ondas de instabilidade no câmbio.
"De um lado, há a leitura de que a fala de Dilma coloca em sintonia o Planalto com o BC e o Tesouro Nacional... De outro, o discurso da presidente poderá abrir a possibilidade de o mercado testar o BC, uma vez que os investidores especulariam qual o ponto em que a autoridade monetária iniciaria o uso das reservas", disse o operador de uma corretora nacional, sob condição de anonimato, à agência de notícias Reuters.
Nesta sessão, o BC fez mais um leilão de rolagem dos swaps cambiais que vencem em outubro, vendendo a oferta de 9.450 contratos. O BC vendeu a oferta total nessa operação e, com isso, rolou ao todo o equivalente a US$ 8,504 bilhões, ou 90% do lote total, que corresponde a US$ 9,458 bilhões.