Com a ajuda das polêmicas declarações do ex-presidente Lula contra o ajuste fiscal, o PT e seus ideólogos ganharam força para bater na política econômica do seu próprio governo.
O momento é o pior possível para esse tipo de fogo amigo, porque o país precisa aprovar medidas impopulares em um Congresso que vem ignorando suas responsabilidades e jogando apenas para tutelar o governo.
A receita dos economistas petistas é reduzir os juros e aumentar o gasto público. Com isso, os investimentos deslanchariam, o país voltaria a crescer, elevando a arrecadação, o que arrumaria as contas públicas.
Argumentam ainda que a simples perspectiva do ajuste encabeçado pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda) agravou a recessão e deu fôlego à oposição para pedir um impeachment.
A economia não é uma ciência perfeita e a tese poderia ter algum apelo se não tivesse sido exaustivamente testada pela própria Dilma nos últimos anos.
No primeiro mandato, o governo baixou os juros inesperadamente, acreditando que bastava vontade política. Resultado: a inflação foi a dois dígitos. Ao mesmo tempo, despejou subsídios na economia, raspando o caixa do Tesouro.
Ao contrário do esperado pelos mentores da nova matriz econômica, o crescimento não veio e os investimentos despencaram.
Já diz o ditado que o pior cego é aquele que não quer ver. Os economistas do PT culpam razões externas, como a crise internacional, para justificar seu fracasso.
Não conseguem enxergar que o que falta no Brasil é confiança. A economia não cresceu naquela época e não cresce agora porque ninguém investe em um país com inflação alta, que muda regras a toda hora, e que deve mais do que arrecada.
Ainda não há sinais de que o governo vá ceder aos apelos do PT, mas os rumores não ajudam em nada. Ainda mais quando se sabe que Dilma não segue a cartilha de Levy por convicção, mas por necessidade.
Sem dinheiro em caixa e com inflação alta, não há mais espaço para errar. Ainda não estamos na situação da Argentina e da Venezuela, mas podemos chegar lá se o PT e Lula continuarem cegos, preocupados apenas com as eleições de 2018.