segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Rodrigo 'botafogo' Maia ataca o general Heleno

O presidente da Câmara, Rodrigo 'botafogo' Maia (DEM-RJ), criticou nesta segunda-feira, 4, o ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e o acusou de virar "um auxiliar do radicalismo do Olavo [de Carvalho]", escritor considerado o guru do bolsonarismo.
A reação do deputado foi à declaração do militar, em entrevista ao 'Estado', sobre a ideia aventada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) de se editar um "novo AI-5" para conter o radicalismo da esquerda. 


Augusto Heleno
O ministro-chefe do GSI, general Augusto
Heleno
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Na entrevista, Heleno não repudiou a possibilidade e disse que, se Eduardo propôs, era preciso estudar como fazer, pois iniciativas "para organizar o País" sofrem resistência, em uma crítica indireta ao Congresso. "Acho que, se houver uma coisa no padrão do Chile, é lógico que tem de fazer alguma coisa para conter", afirmou o ministro na quinta-feira.
Para Maia, a fala de Heleno foi "grave". "Infelizmente o general Heleno virou um auxiliar do radicalismo do Olavo. É uma pena que um general da qualidade dele tenha caminhado nessa linha", disse Maia, em Jaboatão dos Guararapes (PE), para onde viajou para receber uma homenagem. O presidente da Casa disse ainda que há um pedido de convocação do ministro em análise na Câmara.  
Ato Institucional nº 5 foi o mais duro instituído pela ditadura militar, em 1968, ao revogar direitos fundamentais e delegar ao presidente da República o direito de cassar mandatos de parlamentares, intervir nos municípios e Estados. Também suspendeu quaisquer garantias constitucionais, como o direito a habeas corpus. A partir da medida, a repressão do regime militar recrudesceu.
O general é um dos principais conselheiros do presidente Jair Bolsonaro para assuntos militares. Na entrevista ao Estado, o ministro comparou a dificuldade para emplacar uma regra como o AI-5 ao ritmo lento que tramita o pacote anticrime de Sérgio Moro, ministro da Justiça e da Segurança Pública.  

"Além disso ainda fez críticas ao Parlamento, como se o Parlamento fosse um problema para o Brasil. É uma cabeça ideológica", afirmou o presidente da Câmara.

Com informações de Mariana Haubert e Camila Turtelli, O Estado de S.Paulo