sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Número de queimadas na Amazônia no mês de outubro é o menor desde 1998

A Amazônia teve o outubro com menor número de queimadas desde o início do monitoramento. O Programa Queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registrou 7.855 focos de incêndio no bioma.
Anteriormente, 1998, com 8.777 focos, liderava a lista de outubros com menor taxa de queimada, seguido por 2011.
As queimadas na Amazônia criaram uma crise internacional de imagem para o governo Jair Bolsonaro (PSL) durante o mês de agosto. Até aquele momento, o país apresentava o maior número de queimadas desde 2010
Como reação, o governo Bolsonaro instituiu, no fim de agosto, um decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) que autorizava uso das Forças Armadas para combater os incêndios na floresta. Com a ação do exército, as queimadas caíram de 30 mil focos de incêndio em todo o país para 19,9 mil em setembro.
fogo na Amazônia se concentrava principalmente em áreas privadas e florestas não destinadas —nas quais qualquer desmatamento e incêndio é ilegal. Normalmente, as queimadas são uma parte do processo de desmatamento —primeiro vem o desmate e depois a queima das áreas.
O desmatamento, ao contrário das queimadas, continua crescendo de modo acentuado. Os meses de junho, julho, agosto e setembro apresentaram, em comparação ao mesmo mês do ano anterior, aumento de 90%, 278%, 222% e 96% respectivamente . 
0Brigadistas combatem fogo em região vizinha à Reserva Extrativista Rio Preto Jacundá, no município de Ariquemes, no estado de Rondônia
Brigadistas combatem fogo em região vizinha à Reserva Extrativista
Rio Preto Jacundá, no município de Ariquemes, no estado de Rondônia
Beethoven Delano/Folhapress
O fogo levou à manifestação pública do presidente francês Emmanuel Macron e um início de atrito entre esse e o governo brasileiro. Bolsonaro chegou a ofender em redes sociais a esposa de Macron. Depois disse não ter feito a ofensa.
A França chegou a afirmar que Bolsonaro mentiu ao assumir compromissos em defesa do ambiente na cúpula do G20 (grupo das economias mais desenvolvidas).
Pouco antes da crise das queimadas, o aumento nas taxas de desmatamento na Amazônia também foram motivo de críticas internacionais. 
Os dados de desmate levaram o governo a atacar o Inpe, instituto responsável pelas informações. Os ataques públicos levaram à demissão, no início de agosto, de Ricardo Galvão, então presidente do instituto, fato que também fez com que a atenção internacional se voltasse para o país.
Os questionamentos internacionais culminaram em ameaças de colocar fim ao acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, e de boicote de produtos brasileiros

Phillippe Watanabe, Folha de São Paulo