— Estão todos torcendo pela chuva em Brasília. Se o tempo ajudar, o presidente não precisará desfilar em carro aberto — disse ao GLOBO um auxiliar do governo.
Para afastar qualquer atividade hostil, a Esplanada dos Ministérios será isolada e convertida numa espécie de zona de exclusão nos dias que antecederão a posse. Bloqueadores de radiofrequência serão usados para dificultar a comunicação de potenciais criminosos. Tropas do Exército foram escaladas para isolar e monitorar todo o entorno da Esplanada.
O espaço destinado ao desfile e o evento no Palácio do Planalto serão controlados pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência. No Congresso, a segurança será da Polícia Legislativa. Até 12 mil homens, entre integrantes das Forças Armadas, das polícias federal, civil e militar, dos bombeiros e do departamento de trânsito do Distrito Federal estarão envolvidos na operação.
O governo comprou 32 quilômetros de cercas de aço para isolar o perímetro e criar espaços controlados de circulação para o público. Além de revistar cada pessoa, haverá controle de volumes, até mesmo garrafas d'água serão fracionadas para evitar potenciais ataques com coquetel molotov.
Como revelou o vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, em entrevista recente à imprensa, o serviço de inteligência do governo descobriu planos para matar Bolsonaro, incluindo até mesmo a participação de grupos terroristas internacionais e o emprego de atiradores de elite e até carro-bomba.
Fontes do governo que atuam nesse grupo de planejamento da posse revelaram ao GLOBO que nem todos os detalhes ainda foram fechados. Há alguns dias o clima teria ficado tenso entre o Gabinete de Segurança Institucional, que faz a segurança do presidente, e a Polícia Legislativa do Senado, que cuidará do esquema de segurança durante a passagem do presidente eleito pelo Congresso. Integrantes do GSI consideram frágil o esquema pensado pela Polícia Legislativa e solicitaram mudanças, mas, segundo interlocutores da Presidência, os policiais do Congresso não receberam bem a tentativa de interferência.
O culto na Catedral de Brasília ainda não foi descartado do roteiro de Bolsonaro no plano de segurança, embora integrantes da área militar considerem imprudente manter a parada. Pelo roteiro, Bolsonaro já deve sair do Palácio da Alvorada para a posse. A sessão solene do Congresso começará por volta de 15h e dará posse ao presidente eleito. O desfile em carro aberto ainda é uma incógnita. Tanto no Congresso quanto no Planalto o esquema de segurança será rígido até mesmo para jornalistas, que serão impedidos de se deslocar entre diferentes ambientes do Planalto e do Congresso.
O efetivo de segurança armado para proteger o presidente eleito contrasta com o plano de posses anteriores. Em 2010, por exemplo, o desfile da presidente Dilma Rousseff contou com pouco mais de 2,6 mil homens. Em 2014, com o clima de conflagração da disputa eleitoral, a posse da petista chegou a mobilizar 4 mil homens.
Robson Bonin, O Globo