quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Venezuela diz ter detido brasileiro por atuar contra governo Maduro

Com O Globo e agências internacionais


O dirigente chavista Diosdado Cabello — conhecido como braço-direito do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro — anunciou na noite de quarta-feira que as autoridades do país prenderam o brasileiro Jhonatan Moisés Diniz. Segundo o governo de Caracas, o jovem residente de Los Angeles, nos Estados Unidos, participava de uma organização criminosa com braços internacionais. Ele é acusado de dirigir uma ONG chamada Time of Change, que, segundo as autoridades venezuelanas, servia de fachada para promover atividades contra o regime nas redes sociais e nas ruas da Venezuela.

Outras três pessoas venezuelanas também foram detidas com Diniz, segundo Cabello. O número 2 do chavismo, em pronunciamento pela televisão, acusou a ONG que o brasileiro teria liderado de supostamente entregar alimentos e itens básicos a moradores de rua para, na verdade, obter financiamento em moeda nacional e estrangeira para grupos que o governo venezuelano classifica de terroristas. Ele seria parte ainda do grupo "Warriors of Angels" ("Guerreiros dos Anjos", em português) e estaria sendo punido por publicar na internet imagens dos protestos contra o regime de Maduro, que tomaram as ruas da Venezuela por vários meses neste ano.

— Foram presas no estado de Vargas pelas forças de segurança quatro pessoas, integrantes de uma organização criminosa com braços internacionais — disse Cabello em seu programa semanal na televisão pública, em que falou especificamente de Diniz: — Ele está preso, senhores da embaixada americana. Serão garantidos os seus direitos humanos. Alerta com este tipo de ações de aparência social.

Cabello sugeriu que a CIA poderia estar envolvida nas supostas atividades do brasileiro contra o regime, com o objetivo de "identificar objetivos estratégicos e financiar terroristas". 

Segundo a autoridade, que é também membro da Assembleia Constituinte de Maduro e vice-presidente do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), na operação de detenção os policiais apreenderam 40 camisetas e bonés de cor vermelhas, identificadas com o nome da ONG Time of Change.

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Maduro e Temer: farpas após impeachment - Montagem / AP e AFP


Em dias de alta tensão nas relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela, com a expulsão recíproca de embaixadores entre os dois países, Maduro atacou o governo brasileiro na quarta-feira. No último sábado, a Venezuela havia declarado o embaixador brasileiro Ruy Pereira persona non grata, e expulsado o encarregado de negócios canadense, Craig Kowalik. Em reação às medidas hostis, Brasília e Ottawa também expulsaram os diplomatas venezuelanos dos seus respectivos territórios.

— Me agrada muito que o governo não eleito de extrema-direita do Brasil e o governo com complexo imperialista de extrema-direita e racista do Canadá tenham reconhecido o poder plenipotenciário da Assembleia Nacional Constituinte — disse Maduro, enviando uma ordem irônica ao seu ministro das Relações Exteriores, Jorge Arreaza: — Chanceler, agradeça a eles de minha parte, por favor, oficialmente, por escrito.

Durante o discurso, Maduro também atacou duramente o presidente da Argentina, Mauricio Macri, a quem chamou de "rato de esgoto".

— Macri é o padrinho da direita fascista venezuelana. Se ele viesse governar a Venezuela, faria pior do que o que está fazendo na Argentina. Ele aumentou a idade da aposentadoria para 70 anos. É um rato de esgoto porque representa a oligarquia mais rançosa que despreza as pessoas.