sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Os números não mentem: o Brasil entrou em novo ciclo


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Carlos José Marques - IstoE


É fato que os indicadores atestam: a economia melhorou – e muito – em um ano, após longa fase no purgatório desandando sob a batuta da senhora Dilma & Cia. Um alívio sentido no bolso e na rotina da maioria. A chave de ouro que consolida o novo ciclo, a sinalização definitiva, foi a volta às compras do consumidor de baixa renda, justamente aquele mais castigado pela tormenta de equívocos econômicos da mandatária petista. O retorno desse público alvo, que vem de carona na perspectiva de melhora da renda e da queda no custo de vida, faz a festa da produção. Mercadorias básicas passaram a ser procuradas em um ritmo não registrado há muito tempo. No varejo, televisores, celulares, máquinas de lavar, geladeiras, para ficar apenas em alguns exemplos, vivem uma primavera de vendas e apontam para uma temporada de Natal extremamente promissora. O Brasil está em curso de recuperação e disso nenhum analista duvida. Pode discordar sobre a velocidade da retomada; alegar que é preciso maior rapidez nas reformas etc. Mas ninguém em sã consciência, diante dos indicadores que aparecem dia a dia com frequência animadora, seria inábil ao ponto de falar em paralisia ou retrocesso do mercado. No comparativo direto entre o que o Brasil vivia nos estertores da gestão de Dilma e o que experimenta agora, mesmo em plena fase de turbulência política, os números são espantosos. Em maio do ano passado o País cravava uma inflação anualizada da ordem de 9,28%. Em setembro último, esse indicador, considerando os 12 meses até então, fixava-se em 2,46% de inflação acumulada. Ou seja, menos 6,82% no comparativo. Colocado de outra maneira: é como se a inflação atual fosse ao menos três vezes menor que a praticada na gestão anterior. Uma virada e tanto e esse – sempre é bom lembrar – se trata do maior e mais implacável imposto a pesar na conta do brasileiro, que não tem como fugir dele. Na mesma toada, os juros recuaram de 14,25% ao ano para 8,25%. Baixa de 6%. Especialistas reclamam que essa diminuição deveria ter sido bem mais acentuada. De todo modo já é alguma coisa. A direção de queda está tomada e o Banco Central não dá sinais de mudança de rumo nesse tocante. A produção industrial, por sua vez, foi do inferno ao paraíso. Somente entre janeiro e maio de 2016, nos derradeiros meses de Dilma, o setor anotava índice negativo de 9,8%. No acumulado de janeiro a julho do corrente a flecha virou ao contrário e está apontando 0,8% de crescimento no período. O setor de veículos aparece como protagonista da mais retumbante guinada dos resultados industriais. Saiu de um patamar de 24,3% negativos (jan-mai/2016) para 25,5% positivos no acumulado janeiro a agosto de 2017. Se havia alguma desconfiança de que a reviravolta não era consistente esse movimento da atividade automobilística tratou de dissipar. E o que dizer da safra de grãos, principal motor do cinturão verde nacional? O número alcançado nas lavouras evoluiu de 184,7 milhões toneladas em 2016 para uma estimativa da ordem 242,1 milhões de toneladas neste ano. Um incremento de mais de 50 milhões de toneladas, capaz de alimentar países inteiros. A Bolsa de Valores também seguiu a onda de otimismo. Às vésperas do impeachment, em maio de 2016, oscilava na faixa de 57,9 mil pontos. Alcançou 74,3 mil pontos em setembro passado e deve continuar subindo. O Produto Interno Bruto (PIB), que variou 5,4% negativos entre o primeiro trimestre de 2015 e o de 2016, cravou 0,3% positivos no comparativo do segundo trimestre de 2016 para o do mesmo período em 2017. A balança comercial foi de US$ 19,6 bilhões (jan-mai/2016) para US$ 48,1 bilhões (jan-ago/2017). E as boas marcas não param por aí. Pode parecer que se trata apenas de uma batelada de números que, colocados de maneira dispersa, não dão a ideia do todo. Somados eles são uma prova estrondosa da recuperação em curso. Falou-se no alívio sentido principalmente na faixa do público C/D, que voltou a consumir. Talvez parte da explicação possa ser encontrada no levantamento sobre geração de empregos. Em um recorte mais recente da tendência nessa área basta dizer que foram eliminados 448,1 mil postos de trabalho (jan-mai/2016) com Dilma no comando e criados 103,2 mil postos (acumulado jan-mai/2017) em igual período depois de sua deposição. O curioso nesse cenário de variáveis tão favoráveis ao ciclo em vigor é que o atual chefe da Nação, Michel Temer, venha tendo indicadores de aprovação e popularidade comparativamente piores que o da antecessora. Não se justificam. A não ser que o brasileiro acalente uma propensão ao martírio. Talvez fosse mais prudente atribuir essa distorção à crescente repulsa que a classe política como um todo veio angariando nos últimos tempos. O fato é: se a política está mal, a economia vai bem, obrigado. Entrou nos trilhos e não foi por mera inércia.