segunda-feira, 8 de maio de 2017

PGR denuncia deputado petista José Mentor, quadrilheiro enrolado na Lava Jato e compadre de... Lula

Com Veja e Estadão Conteúdo


Ele é acusado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de ter recebido R$ 380 mil de esquema que desviou dinheiro da Caixa


Deputao José Mentor (PT-SP)
Deputado José Mentor (PT-SP) (Luiz Xavier/Câmara dos Deputados/Divulgação)
Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou nesta segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra o deputado federal José Mentor (PT-SP) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, acusando-o de ter recebido propina no valor de 380.000 reais em um esquema criminoso para viabilizar a contratação da IT7 Sistemas pela Caixa Econômica Federal.
O inquérito foi aberto em março de 2015, com base na delação do doleiro Alberto Youssef, na primeira “lista de Janot”, como ficou conhecida a série de investigações solicitadas pela PGR naquele mês. No esquema em que Mentor teria participado, os outros envolvidos já foram denunciados pelo Ministério Público Federal no Paraná por não terem foro por prerrogativa de função.
O doleiro disse que entregou os 380.000 reais pessoalmente ao petista no início do ano de 2014, no escritório de advocacia que ele mantém com associados em São Paulo. Os recursos teriam sido originários de operações fictícias que resultaram na disponibilização de valores em espécie, com ocultação de sua origem.
Segundo a PGR, o ex-deputado federal André Vargas teria influenciado a contratação da empresa IT7 Sistemas para fornecimento e manutenção de software no valor de 71 milhões de reais por um período de 24 meses, a partir de licitação realizada pela Caixa Econômica Federal no início de novembro de 2013. Youssef afirmou ter sido procurado em dezembro de 2013 pelo irmão de Vargas, Leon, por sugestão do petista, em busca de dinheiro em espécie.
De acordo com a denúncia, Alberto Youssef pediu a Meire Poza, sua contadora, que providenciasse os recursos mediante a emissão de notas fiscais em favor da IT7 que, por seu turno, faria os depósitos ou as transferências de valores, os quais seriam sacados para posterior entrega em espécie. As notas foram geradas para prestar serviços fictícios de consultoria.
A PGR diz ter provas de que, depois do primeiro crédito na conta da IT7 efetuado pela Caixa, a empresa fez três transferências para empresas registradas em nome de Poza, ligada a Youssef.
“A contratação da IT7 não atendeu aos padrões legais previstos, tendo o contrato sido celebrado com quantidades de valores além do necessário, de modo a viabilizar o ganho por parte da contratada e o consequente repasse de vantagem indevida a André Vargas e ao seu aliado José Mentor”, afirma o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
A PGR afirma, ainda, que André Vargas confirmou sua relação de amizade com José Mentor, bem assim o fato de que os dois pertenciam à mesma corrente dentro do Partido dos Trabalhadores (PT). Janot argumenta que essa vinculação ficou clara quando Mentor tomou medidas no curso do processo de cassação de Vargas objetivando beneficiar o ex-colega de partido.
A denúncia relaciona extratos e documentos bancários, troca de mensagens entre os envolvidos, registro de ligações telefônicas, notas fiscais e várias outros elementos de prova.
Além da condenação do deputado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, a denúncia oferecida no Inquérito 3995 pede a perda da função pública do deputado, que é detentor de mandato eletivo. O PGR também quer a reparação dos danos materiais no valor de 380.000 reais, a ser destinado à Caixa Econômica Federal, e dos danos morais, no mesmo valor.