Nomeação ocorre quatro dias após ele postar vídeo dizendo que prefeitura usou seu nome indevidamente em ação para internação compulsória de viciados
Quatro dias após ter postado um vídeo em sua página no Facebook dizendo que seu nome havia sido usado “indevidamente” pela gestão João Doria (PSDB) como defensor da internação compulsória de viciados na Cracolândia, região central de São Paulo, o médico Drauzio Varella foi anunciado como consultor de programas do governo e da prefeitura para a questão.
Ao lado dos médicos Anthony Wong e Wagner Gattaz, ele comporá uma espécie de “comitê de notáveis’ para assessorar os programas Recomeço (do governo estadual) e Redenção (da prefeitura) no combate ao uso de drogas, com foco inicial na região da Cracolândia. O Comitê Superior de Saúde, nome oficial do grupo, vai acompanhar e auditar as ações governamentais na região.
Na semana passada, a já histórica tentativa dos poderes públicos de acabar com a Cracolândia ganhou uma polêmica com o anúncio por Doria de ir à Justiça para poder internar compulsoriamente viciados em situação de rua na região. A medida despertou críticas de ONGs que atuam com dependentes e a oposição formal do Ministério Público de SP e da Defensoria Pública, que contestaram na Justiça a decisão da prefeitura.
Doria obteve liminar para realizar as abordagens aos viciados e levá-los para uma avaliação compulsória por um médico, que poderia determinar sua internação, mas a liminar foi derrubada no domingo pelo Tribunal de Justiça de SP, que acabou, depois, extinguindo a ação. A polêmica também rendeu protestos – em um deles, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito tiveram de abandonar um ato do qual participavam na região aos gritos de “fascistas” e “higienistas”.
Na ação que defendeu na Justiça, a prefeitura citou, entre outros médicos, Drauzio Varella como um defensor da internação compulsória. No vídeo divulgado no Facebook, Drauzio afirma que seu “nome foi usado indevidamente nessa confusão da prefeitura na Cracolândia”. “Eu sou a favor da internação compulsória daqueles usuários que estão num estado de saúde tão precário ou apresentam transtornos psiquiátricos tão graves que ficam expostos a um risco grande de morte. Estes – e só estes – devem ser internados compulsoriamente”, disse (veja o vídeo abaixo).