terça-feira, 30 de maio de 2017

"Inflação médica chega a recorde, e operadoras pedem 'Lava Jato' na saúde", por Maria Cristina Frias

Lalo de Almeida/Folhapress
Cirurgiões preparam paciente para cirurgia robótica coordenada pelo medico Luiz Paulo Kowalski no centro cirúrgico do A.C.Camargo Cancer Center em São Paulo
Folha de São Paulo


A inflação médico-hospitalar, que em 2016 atingiu seu maior patamar da série histórica, deverá se manter entre 18% e 20% neste ano, segundo o IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar).

O aumento de custos —que inclui internações, exames, consultas, terapias etc- foi de 19,4% no acumulado de 12 meses até setembro, dado mais recente da instituição.

Além da mudança no modelo de cobrança de hospitais —que recebem por procedimento, o que estimula desperdícios—, o combate a fraudes será importante para controlar a inflação, diz Luiz Carneiro, superintendente do IESS.

"Hoje, a fraude médica não é um crime. Assim como a Lava Jato teve como apoio leis de anticorrupção, é preciso uma legislação antifraude."

Os gastos das operadoras com desperdícios e fraudes respondem por 20% das despesas totais do setor. Em 2015, isso representou R$ 22,5 milhões, segundo o instituto.

A taxa estimada pela Abramge (associação de planos de saúde) é de 30%, afirma o diretor Pedro Ramos.

Nesta segunda (29), o executivo se reúne com a senadora Ana Amélia (PP-RS), autora de um dos projetos de lei que tramitam no Congresso para penalizar fraudes.

A associação quer incluir no texto punições para propinas a médicos, além de pedir mais celeridade na tramitação —parada desde 2016.

As operadoras também têm ampliado investimentos em sistemas para identificar profissionais com indícios de superfaturamento, diz Solange Mendes, presidente da FenaSaúde (entidade do setor).


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À espera da zika

A Roche Diagnóstica planeja finalizar seu teste para zika em 2018, mas a comercialização dependerá do ritmo de aprovação da Anvisa (órgão regulador), segundo o presidente Christian Paetzke.

O tempo de análise da agência melhorou recentemente, mas a expectativa é de uma demora entre quatro e seis meses.

"O fast track [regime de emergência para acelerar a aprovação] existiu durante a crise da zika, mas, desde o fim do ano passado, voltou à tramitação normal."

A empresa planeja investir ao menos R$ 80 milhões em grandes projetos neste ano —mesmo valor de 2016.

Em geral, esses aportes são feitos na estruturação de laboratórios, públicos ou privados, que se comprometem a comprar os reagentes e equipamentos da companhia por um prazo determinado, o que garante o retorno do investimento.

A empresa prevê um crescimento de 8% neste ano, mesma taxa de 2016.

R$ 826,2 milhões

faturou a Roche Diagnóstica em 2016, 24% do grupo no país

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Mar do norte

Três empresas vão investir R$ 220 milhões para construir seis torres de apartamentos em Salinópolis, no litoral do Pará. A obra é parte de uma iniciativa para transformar a cidade em destino turístico.

"Compramos uma área com capital próprio", diz Atila Gravão, do Grupo GAV, joint-venture que reúne uma construtora, uma incorporadora e uma gerenciadora de imóveis compartilhados.

A previsão é que a obra seja entregue em 2021.

Desde o início do empreendimento, foram investidos R$ 50 milhões. O resto virá com vendas de unidades ou cotas —o modelo de comercialização previsto é o de compartilhamento.

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Dar um gás

A CTG (Companhia de Transporte de Gás), que transporta gás natural a áreas não atendidas por distribuidoras, planeja aportar R$ 30 milhões neste ano.

Os recursos virão da gestora de investimentos Diamond Mountain, que acaba de se tornar acionista minoritária da empresa.

"A previsão é que, pelos próximos três anos, sejam investidos ao menos R$ 80 milhões", diz o presidente da CTG, Horacio Andrés.

Atualmente, a companhia compra o gás das próprias distribuidoras —recentemente, fez projetos com a Comgás e, hoje, faz estudos em parceria com a Bahiagás.

A maior perspectiva de crescimento do setor, porém, é a expansão da geração distribuída de biogás.

"O gargalo desse segmento é o transporte. Com soluções de logística, o mercado deve se tornar competitivo."

R$ 23 milhões
faturou a CTG em 2016

R$ 2 bilhões
é o caixa da Diamond Mountain

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Expansão A varejista de materiais de construção Cassol Centerlar investirá R$ 25 milhões na abertura de duas lojas na região Sul até o ano que vem. Hoje, são 17 operações.

Baila A rede de academias de dança Estúdio Anacã, que tem como sócia Ana Maria Diniz, herdeira do GPA, abrirá de 7 a 9 unidades até 2018 -hoje são 4 escolas, das quais 3 são próprias. Cada franquia exige um aporte de R$ 1,1 milhão.

Cara nova A empresa de vendas on-line Celulardireto prevê investir R$ 17 milhões até 2018 para ampliar sua atuação: além de telefonia, planos de saúde, seguros e aluguel de carros. Com isso, também muda de nome, para Wooza.
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Hora do Café
Tiago Recchia/Folhapress
Charge Mercado Aberto de 29.mai.2017
com FELIPE GUTIERREZTAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI