Pedro Ladeira - 20.ago.2013/Folhapress | |
Armando Tripodi (à esq.), o Bacalhau, é suspeito de receber dinheiro da Odebrecht |
JOÃO PEDRO PITOMBO
LUCAS LARANJEIRA
Folha de São Paulo
LUCAS LARANJEIRA
Folha de São Paulo
Um dos principais assessores do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli foi conduzido pela Polícia Federal nesta segunda-feira (22), no Rio de Janeiro, para prestar depoimento na 23ª fase da operação Lava Jato.
Armando Ramos Tripodi, conhecido como Bacalhau, foi apontado pela Polícia Federal como suspeito de receber dinheiro irregular da Odebrecht por meio de uma reforma em sua casa.
Segundo a PF, o esquema de corrupção envolvendo a construtora previa pagamentos de propina na forma de obras de arte, aparelhos de ginástica e reformas. No caso de Tripodi, representantes de uma empresa responsável por uma reforma em sua casa serão intimados, diz a PF, para explicar o serviço.
De acordo com o delegado da PF Filipe Pace, a força-tarefa identificou que Zwi Skornicki –representante oficial do estaleiro Keppel Fels e um dos alvos da operação desta manhã– pagou pela reforma.
Segundo Pace, "o que motivaria esses pagamentos de Zwi Skornicki seriam obras que a Kepper Fels teve com a Petrobras".
Tripodi foi chefe de gabinete da presidência da Petrobras nas gestões de José Eduardo Dutra e José Sérgio Gabrielli, entre 2003 e 2012. Desde então, passou a atuar como gerente de Sustentabilidade da Petrobras.
Em 2012, ainda foi nomeado conselheiro da Sete Brasil, empresa criada para construir as sondas que seriam operadas pela estatal na exploração de petróleo no pré-sal.
Natural de Salvador, Tripodi é funcionário da Petrobras desde 1978, quando entrou na estatal como contramestre em eletricidade, e construiu uma trajetória como sindicalista na Bahia.
Foi diretor da FUP (Federação Única dos Petroleiros) e fundador Departamento Nacional dos Petroleiros da CUT (Central única dos Trabalhadores).
OPERAÇÃO "ACARAJÉ"
A 23ª fase da Operação Lava Jato, intitulada"Acarajé", tem como alvo o publicitário João Santana, que encabeçou campanhas presidenciais petistas, e a empreiteira Odebrecht.
O Ministério Público Federal e a Polícia Federal encontraram transferências de US$ 7,5 milhões (R$ 30 milhões, em valores desta segunda) de investigados da Lava Jato para a conta da offshore Shellbill Finance S.A., controlada pelo marqueteiro João Santana e pela mulher e sócia dele, Mônica Moura. A offshore, baseada no Panamá, não foi declarada às autoridades brasileiras.
Deste montante, US$ 3 milhões foram pagos ao marqueteiro por meio das contas das offshores Klienfeld e Innovation Services, que são atribuídas pelos investigadores à Odebrecht, entre 13 de abril de 2012 e 08 de março de 2013. Para a Procuradoria, "pesam indicativos de que consiste em propina oriunda da Petrobras transferida aos publicitários em benefício do PT".