O PT deixa investigar. Essa é a grande diferença de suas administrações em relação ao PSDB e ao governo Fernando Henrique.
Embora seja uma meia verdade, o discurso, repetido como um mantra pela presidente Dilma Rousseff na campanha de 2014 e usado por petistas de uma maneira geral para se defender de acusações de corrupção, será implodido caso se confirme a saída de José Eduardo Cardozo do governo.
O ministro da Justiça, como se sabe, é alvo preferencial do PT por não “controlar” a Polícia Federal. Consta que a pressão chegou a níveis insuportáveis na semana passada, com a Lava-Jato no calcanhar de Lula.
O movimento pela saída de Cardozo seria articulado pelo deputado Wadih Damous, do PT do Rio. Damous costuma comparar a Lava-Jato ao fascismo; a relacionar delações premiadas a sessões de tortura. A postura fez com que ele caísse nas graças de Lula, que o levou ao Congresso (Damous fora eleito suplente). Na Câmara, o deputado comanda a defesa do ex-presidente.
O tal “controle” das investigações não existe não por falta de vontade, mas porque não é possível. Se já seria difícil tutelar a Polícia Federal e o Ministério Público em Brasília, que dirá os procuradores e policiais de Curitiba. A Lava-Jato não tem controle, não tem governo, é hoje uma das maiores e mais fortes instituições brasileiras.
Além de inútil, a tentativa de interferir na Lava-Jato afeta um discurso que, verdadeiro ou não, era usado com algum sucesso. Se confirmada, a saída de Cardozo enterrará de vez a retórica petista.