O BNDES anunciou lucro de R$ 8,59 bi em 2014, alta de 5,4%, mas esqueceu de contar o restante da história. O resultado não leva em consideração o custo que a União tem para subsidiar o banco. A diferença entre o que o Tesouro paga ao mercado para levantar recursos (Selic) e o que o BNDES devolve a ele (TJLP) foi de cerca de R$ 23 bi, em 2014, segundo informação de "O Estado de S. Paulo".
O Tesouro capta com o juro mais caro, repassa o recurso ao BNDES, que o remunera com a taxa inferior, uma estratégia muito usada a partir de 2009, quando o banco recebeu de uma só vez R$ 100 bi para ajudar no combate à crise financeira internacional. A crise se foi, mas o duto continuou injetando dinheiro no BNDES. No ano passado, o montante chegou a R$ 451 bi.
Após anos tratando o preço dos subsídios ao BNDES como segredo, o governo foi obrigado pelo TCU a informar o custo esperado dos subsídios. Para 2015, foi projetado no orçamento um gasto de R$ 24,3 bi. A Taxa de Juros de Longo Prazo foi corrigida este ano de 5% para 6%, enquanto a Selic, o juro básico da economia, saiu de 11% em outubro para os atuais 12,75%.
O dinheiro que chega ao BNDES não é de graça e tratar a operação do banco como lucrativa é contar apenas um pedaço da realidade ao contribuinte.
