terça-feira, 31 de março de 2015

Conselheiro minoritário da Petrobras não vai se candidatar novamente

Miriam Leitão -  O Globo


Mauro Cunha, conselheiro da Petrobras, divulgou em carta aos acionistas que não vai se candidatar a um novo mandato para representar os minoritários da companhia. No Conselho de Administração desde 2013, Cunha se destacou por questionar as decisões da União, que como controladora da Petrobras obrigou a companhia, entre outras coisas, a vender combustíveis por um preço menor do que gastava para fornecê-los.
Na carta de despedida, Cunha cita sua "frustração pessoal com a incapacidade do acionista controlador em agir com o devido grau de urgência para a reversão dos inúmeros problemas" pelos quais passa a Petrobras, " o que ficou mais evidente com as pautas propostas para Assembleia Geral Ordinária deste ano. A indicação de Murilo Ferreira, feita pelo governo, para presidir o Conselho da Petrobras foi mais um desapontamento para Cunha.
O executivo também é presidente da Vale, uma das maiores clientes da BR Distribuidora. Desta forma, a Petrobras terá mais um presidente de Conselho com interesses conflitantes aos da petrolífera. Guido Mantega, o antecessor, usou durante anos a tabela de preços da companhia para manter a inflação dentro do teto meta, enquanto também era ministro da Fazenda.
Cunha, que preside a Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), chegou ao Conselho com os votos de acionistas minoritários, boa parte deles estrangeiros, que tentavam melhorar a governança da estatal através da participação no Conselho. No primeiro ano que se candidatou, em 2012, foi vencido por uma jogada dos fundos de pensão com participação acionária na empresa, que votaram na Assembleia como se fossem minoritários, embora sofram influência do governo. A CVM interveio e no ano seguinte Cunha conseguiu se eleger, sem a concorrência dos fundos.   
Na Assembleia Geral Ordinária do fim de abril, o conselheiro pretende prestar contas de seu mandato no Conselho.