Linhas para escoar energia de Belo Monte custarão R$ 7,7 bi
Anne Warth - O Estado de São Paulo
O 'linhão' ligará a hidrelétrica, no Pará, às regiões Sudeste e Centro-Oeste; leilão deve ser realizado em 26 de junho deste ano
As linhas de transmissão que vão escoar a energia da usina de Belo Monte exigirão investimentos de R$ 7,7 bilhões, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O leilão dessa linha deve ser realizado em 26 de junho deste ano. O linhão ligará a hidrelétrica, no Pará, às regiões Sudeste e Centro-Oeste.
O linhão terá 2.518 quilômetros e passará pelos Estados de Pará, Tocantins, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O consórcio vencedor terá de construir duas estações conversoras, nas subestações Xingu, no Pará; e Terminal Rio, no Rio de Janeiro.
A estrutura será construída em corrente contínua, ou seja, com subestações apenas no início e no fim da linha, o que diminui as perdas no transporte da energia. Além disso, terá 800 kV, o que oferece uma grande capacidade de transmissão de blocos de energia. "É como se fosse uma via expressa, sem seccionamentos. Isso vai permitir que o transporte de energia seja feito de maneira mais eficiente", explicou o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino.
As obras deverão ser entregues em setembro de 2020, cinco anos após a assinatura dos contratos. A estimativa da Aneel é que a construção do linhão gerará 15,4 mil empregos. Os consórcios interessados em disputar a linha deverão depositar R$ 77 milhões para participar do leilão. Já o vencedor da licitação terá de apresentar uma garantia de fiel cumprimento de R$ 770 milhões, 10% do valor do investimento. Além disso, também deverá ter patrimônio líquido mínimo de R$ 770 milhões.
A Aneel não divulgou o valor da Receita Anual Permitida (RAP) do linhão. A receita será calculada conforme as novas regras aprovadas para leilões de transmissão na semana passada, que elevaram a taxa mínima de retorno (WACC) dos investimentos do segmento de 5,5% ao ano para um patamar entre 7,63% a 7,86% ao ano, podendo ser maior em alguns casos específicos. O processo referente à linha ficará em audiência pública entre os dias 1º e 30 de abril.
Este projeto, na verdade, trata-se da segunda estrutura para escoar a energia da usina. O primeiro linhão foi leiloado em fevereiro do ano passado e será operado pela concessionária formada pela chinesa State Grid (51%), Furnas (24,5%) e Eletronorte (24,5%). Também será de corrente contínua de 800 kV e deve custar cerca de R$ 5 bilhões.
No leilão, a concessionária ofereceu uma RAP de R$ 434,647 milhões, deságio de 38% em relação ao valor máximo estabelecido pela Aneel, de R$ 701 milhões. O primeiro linhão terá 2,1 mil quilômetros até a subestação de Estreito (MG), passando por Pará, Tocantins, Goiás e Minas Gerais.