O covil petista estaria articulando para indicar o ex-ministro na Fazenda para o comando da empresa, em substituição ao atual CEO, Eduardo Bartolomeo
O governo federal estaria articulando para nomear o ex-ministro Guido Mantega para o comando da mineradora Vale, substituindo o atual CEO, Eduardo Bartolomeo.
Durante os governos do PT, entre 2003 e 2016, Mantega ocupou vários cargos da área econômica. Entre eles, os de ministro do Planejamento, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ministro da Fazenda.
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A Vale é uma das maiores mineradoras do mundo e uma das maiores empresas do Brasil, com cerca de R$ 300 bilhões de capitalização. Ela chegou a superar a Petrobras em valor de mercado durante os anos da pandemia.
Todavia, a queda das cotações internacionais do minério de ferro levou a uma desvalorização das ações da Vale.
O papel da mineradora é o mais importante do Ibovespa. A ação VALE3 tem o maior peso na composição do principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, com mais de 15%.
Mineradora surgiu como estatal, mas foi privatizada
A empresa surgiu como estatal, em 1942, para fornecer minério de ferro para a nascente indústria siderúrgica brasileira, fornecimento que Getúlio Vargas tinha obtido por meio de barganha com os norte-americanos para entrar na Segunda Guerra Mundial do lado dos Aliados.
Em 1997, 55 anos após sua fundação, a Vale foi privatizada. Naquele momento, a gestão pública tinha deixado a empresa com uma situação financeira extremamente ruim. Após a desestatização, e graças à grande valorização da cotação do minério de ferro, a mineradora se tornou uma das empresas mais rentáveis do Brasil.
O Partido dos Trabalhadores (PT) sempre foi contra a privatização da Vale, e a tentativa de colocar Mantega no comando da empresa seria uma defesa dos “interesses estratégicos nacionais”.
Todavia, o governo não possui a maioria do capital social da empresa. A Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, possui apenas 8,72% do capital da Vale.
Seguem a lista a empresa de investimentos norte-americana Capital Group, com 12,89%, a Mitsui, com 6,31%, e a BlackRock, com 6,10%.
Nenhum outro acionista tem mais de 5% do capital social. Isso faz da Vale uma corporation, com o restante a participação acionária pulverizada entre os investidores.
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Nenhum acionista apoia a retirada de Bartolomeo do comando. O mandato do executivo na presidência da Vale vai até maio de 2024.
Mantega nunca ocupou um cargo executivo em uma empresa privada. Além disso, o economista de origem italiana não deixou boas lembranças durante suas passagens pelos ministérios econômicos.
Governo já conseguiu substituir CEO da empresa
No passado, os governos petistas conseguiram derrubar presidentes da Vale. Foi o caso de Roger Agnelli, que foi removido em 2011 após fortes pressões da então presidente da República Dilma Rousseff.
A campanha pela saída de Agnelli começou em 2008, durante o governo de Lula, após a Vale demitir quase 2 mil funcionários por causa da crise econômica.
Assembleia da Vale nomeia novos conselheiros
No dia 28 de abril, a assembleia-geral ordinária (AGO) da Vale elegeu 12 novos conselheiros de administração para um mandato de 2023 a 2025. O décimo terceiro integrante do conselho foi eleito pelos funcionários da companhia.
O governo Lula não gostou da lista de indicados para o novo conselho de administração, por causa da presença de Daniel Stieler, presidente da Previ no governo de Jair Bolsonaro.
Mesmo com a oposição do governo federal, Stieler foi nomeado presidente do Conselho de Administração da Vale.
Com informações de Carlo Cauti, Revista Oeste