A agricultura responde pelos atuais US$ 60 bilhões de superávit na balança comercial, fator fundamental para a independência financeira do país
Nada transformou tanto a economia do Brasil quanto a produção do campo | Foto: Reprodução/Freepik
Você se lembra qual foi a última vez em que uma “missão do FMI” veio ao Brasil?
A mídia, os economistas e os “agentes econômicos” entravam em transe.
Não temos dólar nem para comprar uma caixinha de chicletes no exterior; será que eles vão nos emprestar mais uns trocados?
Será que topam fazer mais um “empréstimo ponte”?
E o “Clube dos Credores” — o que estará achando?
Discutia-se, com paixão, as “mudanças na política econômica” que o Brasil teria de fazer, e quais as instruções que teria de seguir, para satisfazer os comissários do FMI.
Falava-se da “soberania nacional”. Eram os tempos da “dívida externa”, da crise cambial e do controle da compra e venda de dólares para viajar ao estrangeiro.
Eram as angústias do default — ou, na língua portuguesa, do calote.
Eram, em suma, as misérias de um país sem divisas no caixa.
Nada disso existe mais. O Brasil, hoje, tem mais de US$ 320 bilhões em reservas internacionais.
Não precisa do FMI, do Banco Mundial e da caridade financeira mundial.
O governo e as empresas podem levantar dinheiro nos mercados voluntários de crédito.
Enfim: não se fala mais da “dívida externa”.
O que aconteceu para haver essa revolução? Aconteceu o agronegócio.
Foi a produção rural que deu ao país os dólares que ele nunca teve; é por causa do agro, simplesmente, que o Brasil deixou de ser um país-mendigo.
A agricultura, a pecuária e a atividade industrial que está ligada a elas respondem, hoje, por metade de todas as exportações brasileiras.
Foram US$ 160 bilhões em 2022, num total de 330 bi — e um novo recorde pode ser alcançado este ano.
É o agro que responde pelos atuais US$ 60 bilhões de superávit na balança comercial, fator fundamental para a independência financeira do país.
Nada transformou tanto a economia do Brasil quanto a produção do campo — e nada faz o Brasil tão competitivo no mercado externo.
Criou-se um país que não existia.
Para ficar num exemplo só: Mato Grosso, sozinho, produz mais soja que a Argentina inteira.
O governo Lula, porém, declarou que o agro é ruim para o Brasil; na verdade, é o seu principal inimigo no momento.
É uma proposta de suicídio econômico – é como se a Arábia Saudita ficasse contra a exploração do petróleo em seu território.
Lula e os extremistas de Brasília inventaram a fantasia de que o MST é uma grande força produtiva e que vai “alimentar” o Brasil, com suas abóboras e o seu “arroz orgânico”.
O MST não produz nada; não conseguiria alimentar a cidade de Jundiaí.
Acham, também, que o país precisa de uma “néo-industrialização”. Continuam fiéis às noções econômicas do tempo dos faraós.
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Texto publicado originalmente no jornal O Estado de S.Paulo
Revista Oeste