sexta-feira, 14 de abril de 2023

Cinco filmes clássicos para celebrar os 100 anos da Warner Bros.

 

Estrelado por Jack Nicholson, “Um Estranho no Ninho” é um dos clássicos produzidos pela Warner| Foto: Warner Bros./Divulgação


Neste mês de abril, a Warner Brothers, uma das maiores produtoras de filmes e séries do mundo, comemora 100 anos de existência. Fundado em 1923 pelos irmãos Harry, Albert, Sam e Jack Warner, o estúdio inicialmente trabalhava com a distribuição de longas-metragens em poucas regiões dos Estados Unidos. Com o passar das décadas, a Warner Bros. foi se transformando numa máquina internacional dentro de uma indústria poderosa – só em 2022, a empresa faturou 33,8 bilhões de dólares com seus produtos.

“O nome Warner Bros. é sinônimo de entretenimento e estamos muito honrados de celebrar o centenário do icônico estúdio”, disse David Zaslav, CEO da empresa, em uma nota sobre a data. “Ao longo dos últimos 100 anos, a companhia criou alguns dos mais amados e reconhecidos filmes e personagens, além de ser uma das principais responsáveis por conceber histórias impactantes que definem e refletem a nossa cultura.”

Para celebrar o marco histórico, o estúdio colocou em sua agenda deste ano uma série de lançamentos. Boxes de DVDs com clássicos, eventos ao vivo e até um documentário que conta a trajetória da empresa em três partes fazem parte deste planejamento. Enquanto nada disso chega ao público, uma boa maneira de dimensionar a história da Warner Bros. é assistir a alguns de seus filmes mais importantes. Confira cinco deles logo abaixo


Doutor Jivago (1965) 

Nos dias atuais, é praticamente impossível imaginar um grande estúdio de filmes produzindo um longa que critique diretamente o socialismo e a Revolução Russa, mas esse não foi um problema para a Warner Bros. na década de 1960. Baseado em um livro de Boris Pasternak, Doutor Jivago é um clássico absoluto. A história acompanha um médico e poeta que conta a história de seu passado, retratando um triangulo amoroso que viveu em meio ao cenário caótico criado pelo ditador Vladimir Lênin. No ano seguinte ao seu lançamento, o filme recebeu prêmios Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora Original.


2001: Uma Odisseia no Espaço (1968)

Recentemente satirizado no teaser de Barbie, um dos filmes mais aguardados de 2023, a ficção científica 2001: Uma Odisseia no Espaço, dirigida por Stanley Kubrick, é uma das produções mais revolucionárias do cinema. Apenas três anos após Doutor Jivago e depois de tantos outros filmes que priorizavam uma história romântica e realista, o longa quebrou paradigmas ao adaptar um livro de Arthur C. Clarke e trazer às telonas questões da evolução humana, existencialismo e vida no espaço. Fica até difícil citar obras que usaram 2001 como referência. Nesse caldeirão entram desde paródias em desenhos animados, como em Os Simpsons, até capas de disco, caso de Who’s Next, do The Who.


Um Estranho no Ninho (1975) 

A história de um vagabundo que se finge de louco para se dar bem é atemporal, mas provavelmente nunca será contada tão magistralmente quanto em Um Estranho no Ninho. O filme foi o segundo da história a conquistar todos os cinco principais prêmios do Oscar (Melhor Diretor, Melhor Roteiro, Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Atriz). Baseado em um livro de Ken Kesey, a história do prisioneiro que finge ter uma doença mental para ser transferido para a vida “fácil” de um hospital psiquiátrico ganha muitos tons com a incrível atuação de Jack Nicholson, que parou de atuar em 2010 (se tivesse parado em 1975, já teria entrado para a história do cinema).


Os Bons Companheiros (1990) 

Uma lista de clássicos não poderia estar completa sem uma citação a Martin Scorsese, a mente por trás de longas como Taxi Driver, O Lobo de Wall Street e Os Infiltrados. Depois de O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola, parecia que mais nenhum cineasta seria capaz de fazer um grande filme de máfia, mas, com Os Bons Companheiros, Scorsese conseguiu mudar isso. Adaptando a história do livro Wiseguy, escrito pelo jornalista investigativo Nicholas Pileggi, o longa traça uma trajetória da máfia nos Estados Unidos por meio da ascensão de Henry Hill, interpretado por Ray Liotta, entre 1955 e 1980. Além de retratar com fidelidade a relação entre membros da organização criminosa e a subcultura ítalo-americana, a película virou obra referencial graças ao estilo bastante particular de Scorsese.


Matrix (1999) 

Muito couro, óculos escuros e tons esverdeados são algumas das marcas estéticas de Matrix, lançado quando a geração clubber, dos frequentadores das festas de música eletrônica, dominava o mundo. Apesar da moda ter passado, o filme se fortaleceu e até hoje rende muito assunto. Não por seus aspectos visuais – claro, o uso de câmera lenta e lutas inspiradas em filmes de arte marciais são notáveis –, mas por seu conteúdo filosófico. O longa parte de pressupostos de Platão e Descartes para debater o que é real ou não no mundo, um tema cada vez mais comum em meio ao avanço da tecnologia de inteligência artificial em tarefas rotineiras. Concordando ou não com as visões de Matrix, é inegável que o longa marcou época.


Erich Thomas Mafra, Gazeta do Povo