PEQUIM | REUTERS
O professor de direito Xu Zhangrun, 57, um dos mais notórios críticos do ditador Xi Jinping, foi solto pelo regime chinês após seis dias de detenção, disseram seus amigos à agência de notícias Reuters.
O ex-docente de direito constitucional da prestigiada Universidade Tsinghua, em Pequim, voltou para casa neste domingo (12) pela manhã, mas permanece sob vigilância e não pode falar publicamente sobre o que aconteceu.
A polícia de Pequim e a Universidade de Tsinghua não responderam aos pedidos de entrevista da Reuters.
Xu é considerado como um dos principais juristas da China. Um dos raros acadêmicos do país que criticam abertamente o Partido Comunista em artigos distribuídos na internet, ele tem seus livros editados no território semiautônomo de Hong Kong.
Isso lhe valeu a proibição de pesquisar e lecionar na Universidade Tsinghua. Em 2018, Xu criticou o endurecimento do regime de Xi Jinping sobre os meios intelectuais.
De acordo com uma mensagem de texto trocada entre os amigos de Xu e vista pela Reuters, ele foi retirado de sua casa no subúrbio de Pequim na segunda-feira (6) por mais de 20 policiais, que revistaram sua casa e confiscaram seu computador.
Segundo os amigos de Xu, a narrativa da polícia é a de que ele é acusado de contratar prostitutas durante uma viagem à cidade de Chengdu, mas pelo menos dois dos seus amigos disseram à Reuters que essa alegação é falsa.
A prisão de Xu elevou o clima de apreensão na China, uma semana depois de Pequim sancionar a nova lei de segurança nacional de Hong Kong.
A legislação dá amplos poderes para uma agência do governo central perseguir e processar pessoas envolvidas em atividades consideradas subversivas, secessionistas, terroristas ou em conluio com potências estrangeiras contra o domínio chinês.
Para ativistas pró-democracia, que desde o ano passado tomaram as ruas de Hong Kong, a lei representa o fim do regime conhecido como "um país, dois sistemas", no qual a antiga colônia britânica mantinha um grau de autonomia política e o capitalismo desregulado que marca as transações locais.
Em fevereiro, no auge do surto de coronavírus da China em fevereiro, Xu escreveu um artigo pedindo liberdade de expressão.
Em maio, pouco antes da reunião do Parlamento chinês aprovar a nova lei de segurança nacional, ele escreveu outro texto, dessa vez acusando Xi de tentar trazer a Revolução Cultural de volta à China.