domingo, 24 de maio de 2020

Dívida de países ricos vai crescer dez Brasis para combater pandemia provocada pelo vírus chinês

LONDRES e TÓQUIO | FINANCIAL TIMES
O combate às consequências da economia do novo coronavírus deve custar aos países ricos US$ 17 trilhões em aumento na dívida pública, de acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).
O valor equivale a cerca de dez PIBs do Brasil, quando medido em dólares (US$ 1,89 trilhão em 2018, segundo o Banco Mundial).
A expectativa é que, na média, a dívida pública dos membros da OCDE, espécie de clube dos países ricos, passe de 109% do PIB para 137% do PIB.
“Para 2020, o impacto econômico da pandemia da Covid-19 deve ser pior do que na grande crise financeira de 2008-09”, afirmou a OCDE.
Há uma década, o pensamento econômico predominante sugeria que, além de 90% do PIB, a dívida de um governo se tornava insustentável.
Embora hoje a maioria dos economistas não acredite agora que exista um limite tão claro, muitos ainda sustentam que permitir que a dívida pública aumente cada vez mais ameaçaria minar os gastos do setor privado, criando um empecilho para o crescimento.
No Brasil, trabalho coordenado pelo economista Marcos Lisboa, presidente do Insper e colunista da Folha, estima que a despesa extraordinária com a pandemia de coronavírus pode superar R$ 900 bilhões.
Com isso, o déficit nas contas públicas irá a R$ 1,2 trilhão em 2020, cerca de dez vezes o projetado no início do ano.
Atingido esse valor, a dívida bruta do governo vai superar 100% do PIB neste ano e deverá levar pelo menos uma década para ficar novamente abaixo desse patamar, com grandes chances de não retornar ao nível anterior à crise, de 76%, diz o estudo.