terça-feira, 31 de maio de 2016

Miriam Leitão: "Nomear indicados políticos para o setor elétrico é insistir no erro"

Com O Globo e CBN



Se aceitar indicações políticas para o setor elétrico, governo corre o risco de repetir os erros do passado. As empresas de energia estão com graves problemas financeiros provocados por má gestão e corrupção. A escolha dos nomes tem que seguir o mesmo critério usado na Petrobras e no BNDES.  
A influência política foi um mal no setor elétrico. Os erros de gestão do governo Dilma desequilibraram financeiramente as empresas. As distribuidoras foram socorridas com o tarifaço, mas as geradoras estão com problemas de caixa. Várias empresas do sistema Eletrobrás estão em dificuldade. A corrupção atingiu operações importantes. Denúncias apontam que o esquema que também atingiu a Petrobras chegou também às obras de Belo Monte e de Angra.
Por esses motivos, o presidente em exercício deveria tomar todos os cuidados. É preciso escolher quadros competentes, sem influência política e com experiência na área. O critério tem que ser o mesmo usado para a Petrobras e o BNDES. No banco, por exemplo, Maria Silvia escolheu como diretor de controle e risco um profissional com passagens por auditoria; é um especialista que chegou lá sem a apresentação de um partido.
O brasileiro é um politraumatizado. É preciso cuidado. Foram muitos os escândalos que tinham na origem as escolhas políticas. Ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa era um funcionário de carreira da estatal, mas ele conta que para chegar à diretoria ele precisava da indicação um partido político. O PP apresentou o nome e exigiu um pedágio para o diretor.
Temer montou uma equipe econômica excelente, mas errou em outras partes do governo. Pairavam suspeitas sobre alguns dos quadros. Na dúvida, o presidente tem que ser pró-Brasil. Não podem entrar no governo nomes envolvidos em investigações como a Lava-Jato; eles não passam pelo crivo. Já foram dois ministros afastados em menos de 20 dias de governo. O problema não é ter demitido, mas sim ter nomeado esses quadros e depois duvidado da necessidade de demitir.
Ouça o comentário feito na CBN.