Em resolução política aprovada pelo seu Diretório Nacional, o PT anotou que Lula foi “transformado em alvo prioritário de armações que se multiplicam em núcleos da Policia Federal, do Ministério Público e do Poder Judiciário vinculados a operações supostamente anticorrupção.” Para o partido de Dilma Rousseff, os investigadores, procuradores e magistrados que alvejam Lula praticam “sabotagem política, sempre em aberto conluio com grupos monopolistas de comunicação.”
Sem dar nome aos hipotéticos sabotadores, o PT enumerou os abusos que, segundo a sua visão, vêm sendo praticados na perseguição a Lula: “Vazamentos seletivos, prisões abusivas, investigações plenas de atropelo e denúncias baseadas em delações arrancadas a fórceps e sem provas comprobatórias, desrespeito ao devido processo legal , ao amplo direto de defesa dos acusados e prerrogativas no exercício profissional de seus defensores.”
Nas palavras do PT, tais práticas “revelam a apropriação de destacamentos repressivos e judiciais por grupos subordinadas ao antipetismo, que atuam com o intuito de extinguir o Partido dos Trabalhadores e difamar o maior líder popular da história brasileira.” O que o PT declarou em sua resolução, com outras palavras, foi o seguinte:
1. Dono de uma presunção vitalícia e irrevogável de inocência, Lula não é personagem passível de investigação.
2. A PF, a Procuradoria e o Judiciário tornaram-se abrigos de sabotadores;
3. Entre os sabotadores estão o ministro petista José Eduardo Cardozo (Justiça), que não controla a PF; o procurador-geral da República Rodrigo Janot, que remeteu ao STF delações premiadas como aquela em que o operador de propinas Fernando Baiano diz ter repassado R$ 2 milhões a uma nora de Lula, por meio do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidnete; e até o sisudo ministro Teori Zavascki, que, além de remeter a delação de Baiano para o juiz Sérgio Moro, autorizou um delegado federal a interrogar Lula na Lava Jato.
O PT esqueceu de mencionar em sua resolução os “sabotadores” escondidos na Receita Federal, que esquadrinham o Imposto de Renda de Luiz Cláudio Lula da Silva, o filho de Lula investigado no inquérito que apura a comercialização de medidas provisórias.
Os ataques a Lula, sustentou o PT em sua resolução, “fazem parte da escalada contra conquistas de nosso povo e devem ser rechaçados com o máximo vigor.” Órgão máximo da direção partidária, o Diretório Nacional do PT conclamou os militantes petistas e “todos os democratas a defenderem o legado e o papel histórico do ex-presidente Lula.”
Beleza. Mas convém convocar para a defesa também um grupo de bons advogados. As operações Lava Jato e Zelotes são bem mais efetivas do que supõe o PT em suas suposições sobre as apurações “supostamente anticorrupção''.