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Martin Winterkorn, presidente da Volkswagen, em abril, em Hanover, Alemanha Folha de São Paulo com agências de notícias
O presidente mundial da Volkswagen, Martin Winterkorn, renunciou nesta quarta-feira (23) ao cargo.
Na terça, a empresa admitiu ter instalado em 11 milhões de veículos a diesel pelo mundo um sistema que fraudava testes de detecção de poluentes em várias marcas —um aumento gigantesco frente ao número de 482 mil apontado pelo governo americano inicialmente. Em declaração publicada no site da companhia, Winterkorn afirma que não estava ciente das irregularidades, mas aceita a responsabilidade pelo problema. "A companhia precisa de um recomeço —também em termos de pessoal. Estou abrindo caminho para esse recomeço com a minha renúncia", escreveu. As ações da empresa, que fecharam com quedas ao redor de 20% na segunda e na terça, tinham alta de 5,77% às 12h12 (horário de Brasília). No Brasil, o único modelo com motorização semelhante à envolvida na fraude global é picape média Amarok, que é produzida na Argentina e tem motor 2.0 turbodiesel. Esse modelo não é comercializado no mercado norte-americano, e a empresa ainda não divulgou uma lista oficial de produtos que estejam envolvidos no problema em outros países.
"Estou chocado com os eventos dos últimos dias. Acima de tudo, estou surpreso que uma conduta errada de tal escala tenha sido possível no Grupo Volkswagen", disse Winterkorn no comunicado. Segundo o executivo, o processo de esclarecimento e transparência precisa continuar. "Essa é a única forma de retomar a confiança." O escândalo eclodiu na sexta-feira, quando a Agência de Proteção Ambiental (EPA) norte-americana, acusou a empresa de usar um software que faz com que os carros com motorização TDI (turbodiesel), como o Golf, o Passat o Jetta, pareçam menos prejudiciais ao meio ambiente do que de fato são. Isso levou o governo Obama a obrigar a Volkswagen a realizar um recall de quase meio milhão de carros. Antes da revelação, previa-se que o contrato de Winterkorn como presidente-executivo fosse renovado em uma reunião no final desta semana. A montadora alemã anunciou que reservou 6,5 bilhões de euros no terceiro trimestre para enfrentar as potenciais consequências da denúncia. Segundo o governo americano, a empresa pode, porém, enfrentar multas de até US$ 18 bilhões. Escritórios de advocacia já entraram com processos coletivos contra a companhia. Governos de outros países, como a Coreia do Sul, afirmaram que também farão investigações sobre os níveis de emissão dos carros da Volkswagen. |