Presidente falou da alta do dólar e do aumento da inflação,
e disse que a agenda econômica brasileira "chegou ao limite”,
reconhecendo que tem sim problemas para resolver
Na abertura da Assembleia Geral da ONU, a presidente Dilma Rousseff admitiu nesta segunda-feira em Nova York, pela primeira vez no exterior, que o país tem problemas fiscais, mas voltou a culpar a "crise externa" pelos problemas econômicos do Brasil. "Estamos em um momento de transição", disse Dilma sobre a atual crise nacional. A presidente reconheceu a alta do dólar, o aumento da inflação e do desemprego; e disse que o modelo econômico "chegou ao limite", reconhecendo em seguida que o país tem sim problemas para resolver. Ela, no entanto, afirmou que o Brasil tem problemas conjunturais e não estruturais.
Sobre os casos de corrupção, Dilma afirmou que as investigações em curso no país representam um avanço e mostram que no Brasil há instituições que funcionam. Em uma possível menção aos alegados excessos da Operação Lava-Jato, a presidente afirmou que no Brasil, "o limite é a lei", indicando que a investigação não deve se sobrepor às leis. Dilma também ressaltou em seu discurso que o Brasil está de portas abertas para receber refugiados. "Somos um país multiétnico e sabemos conviver bem com as diferenças", disse.
A chefe de Estado brasileira discursou na abertura da 70ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e também aproveitou a oportunidade para enfatizar algumas pautas antigas da diplomacia brasileira: como o pedido de reforma do Conselho de Segurança da ONU e a defesa da sustentabilidade por meio do uso de energias limpas e cortes de emissão de gases de efeito estufa. No plano geopolítico, Dilma voltou a defender a criação de um Estado palestino e saudou tanto a reaproximação dos Estados Unidos com Cuba quanto o acordo com o Teerã para limitar o programa nuclear iraniano.
Secretário-geral cobra ação por refugiados - No discurso inaugural, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu a todos os países que assumam responsabilidades para proteger os imigrantes e refugiados e defendeu que em pleno século XXI não deveriam ser construídos "cercas ou muros". Ban cobrou especificamente da Europa "fazer mais" e lembrou que "após a II Guerra Mundial eram os seus cidadãos que buscavam ajuda do mundo". "Devemos combater a discriminação. No século XXI, não deveríamos estar construindo cercas ou muros", disse o diplomata coreano.
O chefe da ONU lembrou que Líbano, Jordânia e Turquia estão "acolhendo generosamente vários milhões de refugiados sírios e iraquianos, e os países em desenvolvimento continuam a receber grandes números de deslocados apesar de seus recursos limitados". Ban reconheceu que os grandes movimentos de pessoas em diferentes regiões tocam em "assuntos complexos e levantam fortes paixões", mas ressaltou que todos os países devem se guiar por uns princípios comuns. "Legislação internacional, direitos humanos, compaixão básica", enumerou o diplomata, que convocou para a próxima quarta-feira uma reunião de alto nível para abordar a crise dos refugiados.