quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Ex-sócio de Youssef diz que entregou à PGR provas contra Cunha. E agora Cunha? Vai abrir o processo de impeachment? Isso é coisa da dupla Lula-Dilma

Alan Marques - 2.jul.2014/ Folhapress
Leonardo Meirelles durante depoimento no Conselho de Ética da Câmara, em julho
Leonardo Meirelles durante depoimento no Conselho de Ética da Câmara, em julho


Aguirre Talento - UOL

O ex-sócio do doleiro Alberto Youssef Leonardo Meirelles afirmou nesta quinta-feira (24) à CPI da Petrobras que entregou provas à Procuradoria-Geral da República sobre a operação de transferência de recursos destinados a pagar propina ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Segundo a denúncia da PGR feita contra Cunha, o lobista Julio Camargo transferiu recursos a empresas de Meirelles no exterior que, posteriormente, foram entregues em espécie ao doleiro Alberto Youssef para que fossem levados a Cunha.

Questionado sobre esse assunto pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP) durante depoimento à CPI, Meirelles afirmou que não poderia dar detalhes porque está negociando um acordo de delação premiada que inclui essas informações. O acordo ainda não foi assinado.

"Todas as informações pertinentes a todas as questões já foram entregues no juízo e estão fazendo parte de um acordo que está sendo feito [na PGR]", afirmou.

Também questionado, disse não conhecer Julio Camargo e que só conheceu o lobista Fernando Baiano, apontado como intermediador da propina para Cunha, "de vista".

Meirelles chegou a viajar para a China levantar informações de contas bancárias que mantinha naquele país para entregar aos procuradores.

Em sua delação, Julio Camargo disse que pagou US$ 5 milhões em propina para Cunha, por um contrato na diretoria Internacional da Petrobras. Outro delator, o ex-gerente Eduardo Musa, também afirmou que Cunha tinha a última palavra em indicação para a diretoria.

Cunha nega o recebimento de propina e aponta que a PGR forçou Camargo a mudar seu depoimento para incriminá-lo.

LABORATÓRIO

Meirelles se tornou sócio de Youssef no laboratório Labogen, que tentou produzir medicamentos em parceria com o Ministério da Saúde mas a parceria foi suspensa depois da deflagração da Operação Lava Jato. Ele relatou que Youssef o procurou para que, por meio de suas empresas, auxiliasse na lavagem de recursos ilícitos do doleiro.

Isso porque houve suspeitas de que o então deputado André Vargas (sem partido-PR), à época do PT, tenha usado influência junto ao ministério para conseguir a assinatura do acordo. Vargas, que era vice-presidente da Câmara, atualmente se encontra preso em consequência da Lava Jato.

"Todas as reuniões que eu tive para tratar da Labogen foram aqui na Casa, no gabinete da vice-presidência", afirmou Meirelles.

À CPI, Meirelles ainda indicou ter entregue aos investigadores evidências de que seu ex-sócio Youssef mantém patrimônio em sociedades com empresas no exterior que foram ocultados das autoridades brasileiras no acordo de colaboração firmado pelo doleiro. Meirelles havia dito isso em entrevista à Folha em fevereiro.

"As informações que foram prestadas já estão com a Justiça e está sendo dada a devida apuração", afirmou à CPI.

Ele disse ainda ter movimentado cerca de US$ 120 milhões no esquema de lavagem, junto ao doleiro Youssef.

Nos autos de um processo, a defesa de Youssef já criticou as acusações de Meirelles e disse que ele é "mentiroso".