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Marco Maciel, novo economista chefe da Bloomberg, nas escadas da sede da empresa em São Paulo Tatiana Freitas - Folha de São Paulo
Depois da crise política e fiscal, a principal preocupação do investidor estrangeiro em relação ao Brasil é a situação das empresas diante da forte desvalorização cambial e da piora no crédito.
Essa é a percepção do economista Marco Maciel, que assumiu no início deste mês a posição de economista sênior da Bloomberg Intelligence para o Brasil.
A forma como o dólar acima de R$ 4 vai impactar o dia a dia das companhias também é uma das reflexões do especialista.
Segundo ele, a maior preocupação não é com o impacto do efeito da alta do dólar sobre a dívida em moeda estrangeira das companhias, o que é inevitável.
"Na crise de 2008, até por causa da alavancagem das empresas em derivativos, a demanda por dólar das empresas era da ordem de US$ 70 bilhões a US$ 80 bilhões. Hoje, dá pra dizer com certa tranquilidade que a demanda é menos da metade disso. Desse ponto de vista, eu me preocupo menos."
Para ele, a alta do câmbio deve afetar mais as decisões das empresas em relação à produção, no curto prazo, e de investimentos no longo prazo. "O custo financeiro vai subir", afirma.
A planilha de custos, por outro lado, deve ser beneficiada por um menor crescimento da remuneração paga aos trabalhadores. "Os salários reais vão evoluir abaixo da produtividade da economia brasileira", diz.
"Isso acaba sendo benéfico [porque pode resultar em melhora da competitividade]. Mas teria de ser benéfico o suficiente para tirar a economia brasileira de uma queda de 3% neste ano e de 1% no ano que vem. Haja crescimento de produtividade."
Para ele, o ganho de produtividade necessário para tirar o país da recessão depende de investimentos das empresas. "E eu acho que isso não vai acontecer até o primeiro semestre de 2016, considerando o cenário político conturbado atual."
CÂMBIO E JUROS
Para o economista, o dólar a R$ 4 corresponde ao nível de risco da economia brasileira, medido pelo CDS (Credit Default Swap), uma espécie de seguro contra calote, cujo custo mais que dobrou desde o início deste ano.
Ele avalia que, enquanto o Brasil estiver nesse patamar, a demanda por dólares vai prevalecer, o que poderá levar o câmbio à máxima de R$ 4,50 em 2016 para, depois, voltar aos R$ 4. "Um câmbio a R$ 3,80 não corresponde à realidade brasileira."
Disparada do risco - Credit Default Swap (CDS) do Brasil com prazo de cinco anos, em pontos
Apesar do aumento da pressão do câmbio sobre a inflação, Maciel não acredita que o Banco Central voltará a aumentar a taxa básica de juros, como o mercado de juros futuros vem apontando nos últimos dias.
Ele lembra que o objetivo do BC é levar a inflação ao centro da meta em 2017, e que os efeitos dessa alta do câmbio devem ser sentidos até o primeiro semestre de 2016. Ele acredita, contudo, que será necessário manter a Selic inalterada em 14,25% durante todo o ano que vem.
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