Cheer leader é uma expressão em inglês que, para gáudio do nosso complexo de vira-lata, já se incorporou de tal forma à língua portuguesa que passou a dispensar aspas ou itálico. É como se todos soubessem o que significa –e, de fato, chamado a defini-la, qualquer um saberá descrever a lourinha de maria-chiquinha, suéter, saiote e meias 3/4, agitando pompons para a arquibancada a fim de empolgar a torcida. Bem brasileira.
A cheer leader não quer saber se seus craques estão jogando mal, se a tática adotada pelo treinador está errada ou se seu time está perdendo de dez a zero aos dez do segundo tempo. Ela não discute –torce. Pena que isso não altere o rumo do jogo. Pior ainda é quando não consegue alterar nem o ânimo da torcida.
A única vantagem de ser cheer leader é que, ao ver a catástrofe se abatendo sobre o seu time, a torcida não a xinga de burra, nem pede a sua demissão. O protesto é dirigido ao treinador, a alguns jogadores ou ao time inteiro, chamando-os de burros, sem raça ou sem vergonha. O que é mais um motivo para a cheer leader agitar os pompons e não se deixar abater –como se não fosse com ela.
A presidente Dilma está longe do visual, mas tem uma deliciosa alma de cheer leader. Seu time não consegue segurar a bola, toma um gol atrás do outro e, com tudo isso, ela sustenta um obtuso otimismo e repete platitudes recebidas com tédio e cansaço até pelos que lhe são simpáticos –estes, a cada vez, em número alarmantemente menor. Dilma não admite ser a mãe da crise. Põe a culpa no gramado, na bola ou na torcida adversária.
Infelizmente, uma presidente da República não pode ser apenas uma cheer leader. É também a treinadora, goleira e camisa 10 da equipe, e tudo ao mesmo tempo. E, como tal, está sujeita aos urros da arquibancada quando esta se convence de que ela está enterrando o time.