sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

PIB tem notícias promissoras para a vida real dos brasileiros



Fila para pegar ônibus na Central do Brasil. Foto de Márcia Foletto / Agência O Globo


Flávia Barbosa - O Globo



crescimento de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre de 2017 pode parecer modesto e desimportante. Mas estatísticas enganam. Por trás deste número, revela-se uma das mais promissoras notícias para a economia brasileira desde 2014: os investimentos reagiram. E, de carona, virão os impactos positivos para a vida real dos brasileiros.

Por 15 trimestres, ou quase quatro anos, os investimentos encolheram brutalmente no Brasil, refletindo o desalento e a falta de confiança das empresas, que cortaram produção, compraram menos mercadorias, fecharam unidades e demitiram trabalhadores. Ao crescerem 1,6% entre julho e agosto, os investimentos viraram a chave, permitindo que a economia faça o caminho contrário.

Esse movimento, na verdade, já começou. É concreto. Quando o IBGE atribui à indústria automobilística o papel de mola propulsora do investimento este ano, a instituição está captando decisões como as da MAN. Em setembro, a montadora de caminhões anunciou aporte de R$ 1 bilhão em sua fábrica de Resende, no Sul fluminense, para produzir uma nova família de produtos. E o que importa mesmo para a vida real: 300 trabalhadores serão contratados, gerando mais consumo e arrecadação de impostos na região.

Outros dois dados do PIB do terceiro trimestre são promissores: o avanço da produção e das compras de máquinas e equipamentos e a importação de bens. Tudo se transformará em retomada da produção. E, consequentemente, em contratações. Este é o desdobramento crucial por que se espera num país que ainda tem 12,7 milhões de desempregados.


Quanto mais essas engrenagens girarem, mais dinheiro no bolso dos brasileiros, que voltarão a consumir com vigor. O consumo das famílias já sobe há três trimestres, de carona na massa salarial 2% maior este ano. Se o movimento se fortalecer, novas vagas em supermercados, petshops, firmas de manutenção, operadoras de telefonia e canteiros de obra serão abertas.

Porém, é preciso que se preserve o ambiente econômico, para que o ciclo positivo não se rompa. A política precisa trabalhar em favor da consolidação da confiança de empresários e famílias. É preciso perseguir a arrumação das contas públicas e projetos que facilitem esses investimentos.

Neste contexto, no curto prazo, sacrificar as votações da reforma da Previdência e das medidas de ajuste fiscal — movimento com o qual o Congresso abertamente está flertando — pode ser um balde de água fria na retomada econômica e na esperança de geração de empregos cultivada em cada lar do Brasil.