Rennan Setti - O Globo
Apesar do movimento de retomada, a economia brasileira segue entre os lanternas do ranking de crescimento global, deixando de aproveitar período raro de sincronia entre os maiores Produtos Internos Brutos (PIB) do mundo. Com crescimento de 1,4% na comparação com os mesmos três meses de 2016, o Brasil teve o terceiro menor avanço econômico no terceiro trimestre em uma lista de 45 países (que inclui a região chinesa de Macau, além da zona do euro), segundo dados da Bloomberg organizados pelo GLOBO.
Nessa espécie de Copa dos PIBs, o brasileiro está muito distante de qualquer classificação para a segunda fase: bateu apenas Suíça (1,1%) e Dinamarca (1,3%) - que são ricos, vivem situação macroeconômica muito mais favorável e, a bem da verdade, jogam pouca bola -, e empatou com a Nigéria, que também se recupera de recessão intensa.
O país que mais cresceu no terceiro trimestre foi a Romênia, registrando expansão de 8,8% no período. Dependente da economia alemã (que consome 20% de suas exportações), o país é beneficiado como um todo pela aceleração da economia global. A expansão econômica romena se dá em contexto de baixa inflação (2,6%) e taxa reduzida de desemprego (5%).
Já a China, segunda maior economia do mundo, registrou crescimento de 6,8% no terceiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Embora dentro das expectativas dos investidores, o desempenho foi levemente menor que os 6,9% registrados no segundo trimestre. Pequim tenta cumprir sua promessa de permitir que a economia faça um "pouso suave" - desaceleração leve e gradual para taxas mais moderadas -, enquanto busca evitar que sua carga excessiva de dívida e uma bolha imobiliária em andamento prejudique demais essa estratégia. O governo fixou meta de crescimento entre 6,5% a 7% para este ano. A economia cresceu 6,9% em 2015, ritmo mais devagar em 25 anos.
Outro destaque no terceiro trimestre foi a economia americana, cuja expansão foi de de 3,3% (taxa anualizada), ritmo mais acelerado em três anos. O crescimento foi puxado pelo aumento no investimento corporativo em estoques e equipamentos, compensando dados mais fracos nos gastos do consumidor. O avanço também representou uma aceleração na comparação com a taxa de 3,1% registrada no segundo trimestre.
Dependente da economia chinesa e de seus desdobramentos na região do Pacífico, a economia das Filipinas cresceu mais que o gigante vizinho no terceiro trimestre, avançando 6,9% no período, beneficiada por um contexto de maior crescimento regional e baixa inflação. Suas exportações saltaram 12,1%. Isso tudo apesar da turbulência política provocada pelo presidente Rodrigo Duterte, que implementou uma plataforma de baixa tolerância ao tráfico de drogas que é tida por organismos internacionais como política de extermínio.
A economia brasileira cresceu no mesmo ritmo que a Nigéria, país que também saiu de uma recessão este ano, provocada no caso deles pela crise dos preços internacionais do petróleo nos últimos anos.
O país que menos cresceu no período foi a Suíça, que se recupera do choque monetário causado pela extinção da taxa fixa de câmbio do franco suíço em relação ao euro pelo Banco Central Suíço (BNS) há cerca de três anos, medida que valorizou sua moeda e impactou as exportações. Mesmo assim, o crescimento de 1,1% foi comemorado no país dos Alpes, uma vez que representou uma aceleração na comparação com o trimestre anterior.