Ricardo Borges/Folhapress | |
Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central Raquel Landim - Folha de São Paulo
A trapalhada do PSDB, que pode acabar de enterrar a reforma da Previdência do governo Michel Temer, provocou fortes reações em setores muito próximos ao tucanato.
"Acho irresponsável da parte do PSDB, como foi quando votaram pelo fim do fator previdenciário", disse a esta colunista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central.
Armínio é um dos economistas mais respeitados com ligações com o partido, que chegou a ser anunciado como ministro da Fazenda em 2014, caso o PSDB vencesse as eleições.
Ele compara a situação atual a um episódio ainda mal digerido pela elite intelectual do PSDB, quando, em 2015, o partido ajudou a derrubar o fator previdenciário, criado pelo próprio governo Fernando Henrique Cardoso.
Na época, o PSDB colocou seu papel de oposição ao governo Dilma Rousseff acima de suas convicções ideológicas. Agora a proximidade das eleições presidenciais faz o partido mais uma vez flertar com a incoerência.
Nesta semana, membros do PSDB fizeram exigências que desidratam significativamente a reforma da Previdência, esquecendo do seus compromissos históricos com o equilíbrio fiscal e da importância da reforma para a ainda tímida recuperação da economia.
Pessoas com larga experiência nos meandros da política em Brasília dizem que a atitude do PSDB é triplamente ruim para o próprio partido: desagrada sua base, não é suficiente para desvincular sua imagem do ajuste fiscal, e abre espaço para outras candidaturas de centro mais dispostas a defender abertamente a estabilidade econômica.
Na avaliação de um experiente banqueiro, se não pararem de bater cabeça, os partidos de centro vão competir pelos mesmos votos, dando espaço para que apenas opções radicais avancem para o segundo turno em 2018.
|