segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

"Leilões de energia indicam confiança dos investidores", editorial do Estadão

Os vencedores investirão R$ 8,7 bilhões

 em obras e equipamentos para a 

construção de 4,9 mil km de linhas, 

em 10 Estados


Três leilões de concessão na área elétrica realizados nos últimos dias mostraram que os investidores acreditam não só na recuperação da economia brasileira e no aumento da demanda nos próximos anos, como na preservação de níveis baixos tanto de inflação como de juros – itens decisivos para definir a remuneração real do investimento. É o que explica os expressivos deságios nas concessões de transmissão e de geração de energia nova.
Todos os lotes leiloados de linhas de transmissão foram vendidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Os vencedores investirão R$ 8,7 bilhões em obras e equipamentos para a construção de 4,9 mil km de linhas, em 10 Estados. O deságio médio de 40,46% significa que os investidores aceitaram receber valor inferior ao máximo admitido pela Aneel. A confiança dos investidores – entre os quais indianos, franceses e espanhóis – cresceu entre o primeiro e o segundo semestres: no leilão anterior, em abril, nem todos as linhas atraíram interessados e o deságio médio foi menor (36%).
Nos dois leilões de energia nova, os deságios médios foram de 54,65% e 38,7% em relação aos tetos de preço estabelecidos pela Aneel.
No leilão de geração A-4 foram contratados 25 empreendimentos, entre os quais uma pequena central hidrelétrica (PCH), uma central hidrelétrica (CGH), uma térmica movida a biomassa, duas usinas eólicas e 20 usinas solares fotovoltaicas. No leilão A-6, foram contratados 63 empreendimentos, destacando-se os de energia eólica. Os contratos são de 30 anos para as usinas hidrelétricas e de 20 anos para as usinas a biomassa, eólicas e solares. Os investimentos previstos na geração são expressivos e permitirão adicionar cerca de 3 mil MW médios à oferta total.
A contratação de novas fontes é essencial para o equilíbrio entre a oferta e a demanda no longo prazo, dadas as limitações da energia hidrelétrica. Os reservatórios atuais se tornaram insuficientes para assegurar a energia necessária nos períodos de estiagem.
O objetivo é garantir a segurança energética de que a economia precisa para crescer. O resultado dos últimos leilões é um passo rumo a essa segurança, com a vantagem de contratar energia a custos menores do que os admitidos pela Aneel, em benefício de consumidores hoje submetidos a tarifas muito elevadas para este insumo essencial.