sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Ataque a mesquita no Egito com tiros e bombas deixa mais de 180 mortos

Outras 120 pessoas ficaram feridas; governo egípcio declarou três dias de luto

Com O Globo e agências internacionais



A mesquita de Al Rawdah em Bir al-Abad, oeste da cidade de Arish, capital da província do norte do Sinai - Reprodução


CAIRO — Ao menos 184 pessoas morreram e 120 ficaram feridas após homens armados atacarem uma mesquita na península do Sinai, no Egito, com bombas e tiros, disse a agência estatal MENA, citando uma fonte oficial. As vítimas estão sendo transferidas aos hospitais locais, e nenhum grupo ainda reivindicou a autoria. O governo egípcio declarou três dias de luto, e o presidente Abdel Fattah al Sisi, convocou um encontro de segurança de emergência após o ataque, segundo a TV estatal.

O ataque aconteceu na mesquita de Al Rawdah em Bir al-Abad, oeste da cidade de Arish, capital da província do norte do Sinai. Uma bomba explodiu na mesquista, antes de homens armados saírem de quatro carros e abrirem fogo contra fiéis durante as orações de sexta-feira. A TV egípcia estatal mostrou imagens de vítimas cobertas de sangue e corpos cobertos com lençóis dentro do templo.

— Eles atiravam contra as pessoas que deixavam a mesquita — disse um morador cujos parentes estavam no local. — Eles atiraram contra as ambulâncias também.

Apesar do ataque não ter sido reivindicado, acredita-se que foi perpetrado por um grupo afiliado ao Estado Islâmico na região. Um chefe tribal disse à AFP que a mesquita é frequentada por adeptos do sufismo, uma corrente mística do islamismo. O Estado Islâmico acredita numa visão puritana do salafismo, um movimento ultraconservador, e considera o sufismo uma heresia. Os jihadistas sequestraram e decapitaram um líder sufista e já raptaram diversos adeptos da vertente.

O ataque foi o maior contra civis e o primeiro contra uma grande mesquita desde que um grupo afiliado ao Estado Islâmico começou sua campanha de violência contra o governo, após as Forças Armadas destituírem em 2013 o presidente Mohamed Mursi, ligado à Irmandade Muçulmana. Desde então, os grupos extremistas têm multiplicado atentados contra militares e policiais. Sob o impacto de uma repressão severa, a Irmandade Muçulmana, um movimento poderoso que durante muito tempo foi a principal força de oposição no Egito, dividiu-se em várias tendências rivais, entre os partidários e os opositores da ação armada.

As forças de segurança egípcias lutam contra uma insurgência do Estado Islâmico no norte do Sinai, onde militantes vem matando centenas de policiais e soldados há três anos. Os terroristas geralmente têm como alvo a polícia, mas também expandem seus ataques a igrejas cristãs e peregrinos. O afiliado do Estado Islâmico na região se chama Wilayat Sinai e é predominantemente formado por combatentes do grupo local insurgente Ansar Beit al-Maqdis, que jurou fidelidade ao califado do grupo extremista enviando pessoas para lutar na Síria em 2014.


ATAQUES A POLICIAIS

Diferente do Iraque ou da Síria, o EI no Egito não conseguiu entrar nos grandes centros urbanos, mas reivindicou vários ataques mortais contra igrejas coptas em dezembro de 2016 e abril de 2017. No total, mais de uma centena de coptas morreram em três ataques no Cairo, Alexandria e Tanta (norte do Egito).

Trinta e cinco policiais foram mortos numa emboscada no Egito em outubro, a 200 quilômetros a sudoeste do Cairo, num dos piores ataques desde o lançamento, em 2013, de uma série de atentados extremistas contra as forças de segurança. No mesmo mês, seis soldados egípcios morreram nas mãos de "elementos terroristas" num ataque no norte do Sinai, e a facção egípcia do EI — “Província do Sinai” — reivindicou o assassinato de 14 soldados egípcios num duplo ataque suicida perpetrado numa base militar perto de Al Arish.

Em um dos atentados mais sangrentos, pelo menos 21 soldados morreram em um posto de controle de tráfego em 7 de julho. Por sua vez, o pequeno grupo extremista Hasm reivindicou desde 2016 vários ataques contra policiais, oficiais e juízes no Cairo.

Os ataques do grupo afiliado ao Estado Islâmico tem sido focados predominantemente em policiais e pontos de controle de segurança, mas a facção reivindicou a responsabilidade pela queda do Metrojet Flight 9268 em 2015. O avião russo voava de Sharm el-Sheikh para São Petersburgo quando caiu no deserto, matando todas as 224 pessoas a bordo após o EI afirmar que detonou uma bomba escondida dentro de uma lata de refrigerantes.


Ao menos 54 pessoas morreram em ataque a mesquita no Egito - Reprodução