Camila Turtelli, Leticia Pakulski e Nayara Figueiredo, O Estado de S.Paulo
No painel “Sustentabilidade dá dinheiro: as oportunidades do mercado verde”, dentro do Summit Agronegócio 2017, o chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Boechat Morandi, apontou a falta investimento em implementos para a produção agropecuária sustentável e disse que o Brasil precisa de recursos de fomentadores e de fundos para ampliar a participação do segmento. Mesmo com essas deficiências, práticas mais ecológicas avançam na agropecuária, garantiu, e exemplificou: “O Brasil já tem 11 milhões de hectares com sistemas de integração – lavoura-pecuária ou lavoura-pecuária-floresta (ILPF)”, disse. “Tem-se verificado que a ILPF reforça a resiliência ao ambiente, ampliando a resistência de plantações a períodos prolongados de déficit hídrico, por exemplo.”
Já a falta de comunicação dentro do sistema de produção sustentável foi o principal gargalo apresentado pelo presidente do Grupo de Trabalho de Pecuária Sustentável (GTPS), Ruy Fachini Filho. “Com uma articulação mais ampla da cadeia de valor, teríamos resultados melhores”, disse. Ao citar o GTPS, explicou que um dos seus objetivos é promover sustentabilidade na cadeia pecuária. “A meta é aumentar a produção de forma sustentável”, afirmou. Fachini ressaltou que o grupo realiza programas de capacitação de pecuaristas que promovam a melhoria das técnicas de produção. “Queremos, também, formar um produtor que trabalhe em conjunto com a indústria.”
Outro obstáculo apontado por quem lida com agropecuária sustentável é a ausência de recursos para pesquisa. Para o diretor industrial da Korin Agropecuária, Luiz Carlos Demattê, embora a agricultura orgânica venha se estabelecendo com bases científicas, a falta de recursos “é uma questão estrutural que limita avanços”, assinalou. “O solo e as condições climáticas do País exigem o desenvolvimento de pesquisa para o setor obter melhores resultados”, defendeu Demattê, acrescentando, porém, que se antes a sustentabilidade era um entrave, hoje é oportunidade.
Neste contexto, ele destacou o aumento da demanda por alimentos cuja produção leva em conta valores como bem-estar animal e que prezam e divulgam princípios de sustentabilidade ambiental. “Há um conjunto de consumidores adotando esses alimentos diferenciados”, disse. Sobre a indústria que representa, Demattê explicou que a Korin, ligada à Igreja Messiânica, valoriza “características territoriais dos produtos agrícolas” e que os melhores resultados provêm da produção de frangos orgânicos.