Idiana Tomazelli e Carla Araújo, O Estado de S.Paulo
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quarta-feira, 29, ter "certeza" de que a base vai conseguir criar as condições necessárias para aprovar a reforma da Previdência "nas próximas semanas". Ele se colocou como líder na Câmara do processo de articulação pela votação da proposta, isso depois de suscitar desconfianças no governo com a declaração dada no início da semana de que a votação do texto na Casa poderia ficar para o ano que vem.
"Os que ganham pouco financiam os que ganham mais na Previdência. É essa distorção que temos de enfrentar de forma objetiva. Estamos fazendo grande esforço e, nas próximas semanas, tenho certeza que vamos construir as condições para aprová-la", disse Maia em almoço da União Nacional das Entidades de Comércio e Serviços (Unecs) e da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Comércio, Serviços e Empreendedorismo.
Maia destacou que a reforma foi proposta para "proteger" a renda dos mais pobres e que sem isso a inflação até pode "resolver" o problema dos benefícios mais altos na Previdência. Mas essa opção seria "injusta" com a maior parte da sociedade.
"Defendo com muita clareza e toda a transparência que as reformas são muito importantes, por isso lidero esse processo na Câmara", disse o presidente da Casa. "Vamos liderar isso para que o Brasil saia da crise e tenha recursos para aplicar", emendou, enfatizando a necessidade de o País investir em educação.
Maia também citou outras reformas aprovadas pelo governo do presidente Michel Temer - que também estava presente no almoço. Ele listou a reforma trabalhista e a criação do teto de gastos, para em seguida mencionar a importância das mudanças na Previdência.
"Agenda que estamos liderando em conjunto com governo tem dois objetivos. A reforma do Estado brasileiro e leis que garantam segurança jurídica a setor privado. O grande desafio é compreender as novas relações da sociedade com Estado brasileiro, e precisamos estar preparados para esse desafio", disse.
O presidente da Câmara afirmou ainda que "há sempre o medo" de fazer alterações, sem mencionar o temor de diversos parlamentares de que a votação da reforma da Previdência afete suas campanhas eleitorais em 2018. "Mas é preciso compreender que é momento de grande mudança. Precisamos continuar acreditando que mudanças precisam existir", disse Maia.