terça-feira, 28 de novembro de 2017

Economista tucana, Eliana Landau critica documento lançado pelo PSDB: 'Não tem novidade, ousadia, não tem nada'


A economista Elena Landau - Fernando Lemos / Agência O Globo


Miguel Caballero - O Globo



Lançado nesta terça-feira pelo PSDB com propostas para a economia e para o país, o documento "Gente em primeiro lugar: o Brasil que queremos" recebeu críticas de dentro do próprio ninho tucano. O texto foi produzido pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV), o órgão de formulação de políticas públicas do PSDB, defende "fim de privilégios" e cita como valores o "desenvolvimento econômico" e a "igualdade de oportunidades", sugerindo que seja reavaliado "o acesso dos mais ricos a serviços públicos gratuitos".

O senador Tasso Jereissati, adversário na guerra interna do partido do presidente do ITV, José Aníbal, foi o primeiro a criticar, dizendo que o documento estava "caduco" e que sequer tinha lido, o que irritou o presidente da legenda, Alberto Goldman, presente à cerimônia em Brasília.

A economista Elena Landau, ex-diretora do BNDES no governo Fernando Henrique e próxima ao grupo de economistas que elaborou o Plano Real e dirigiu a economia na gestão tucana, leu o documento e foi ainda mais crítica. Além de lamentar que os economistas mais conhecidos dos quadros do PSDB — como Pérsio Arida, Edmar Bacha, entre outros — não participaram da elaboração do texto, ela classificou o documento de "raso", com trechos "patéticos".

— Espero que não seja a base de um programa de governo, porque não tem novidade, não tem ousadia, não tem sentido. É um documento meio do passado, cheio de platitudes. Quem vai discordar de que se quer um "estado mais eficiente", que a "questão fiscal é um entrave ao desenvolvimento"? Mas qual a gestão pública que se quer? Qual a proposta para educação, para saúde? Não tem nada — afirmou a economista, questionando o trecho que fala em rever "o acesso dos mais ricos a serviços públicos gratuitos" — Imagino que queriam falar em equidade. Qual a ideia? Criar cotas, cortar gratuidades de serviços públicos? É até difícil de entender, corre o risco de ser mal interpretado.

No início do mês, Landau assinou junto, de Pérsio Arida, Edmar Bacha e dos cientistas políticos Bolivar Lamounier e Luiz Roberto Cunha, um manifesto de apoio à permanência do senador Tasso Jereissati na presidêcia do partido. O texto trazia também propostas para a economia do país.

— Nenhum de nós foi consultado para este documento de hoje. Nem falo em meu nome, o que seria cabotino, mas economistas históricos do partido, como Bacha, Pérsio Arida... Era um texto mais aprofundado, com propostas sobre funcionalismo, serviço público, economia. 

O que foi lançado hoje é uma coleção de platitudes.