REYNALDO TUROLLO JR.
RUBENS VALENTE
Folha de São Paulo
RUBENS VALENTE
Folha de São Paulo
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e o lobista Milton Lyra entraram em contradição nos depoimentos que prestaram à Polícia Federal em dois inquéritos derivados da Operação Lava Jato.
Os investigadores tentam estabelecer o tipo de relacionamento entre Renan e Lyra porque o segundo foi descrito por delatores da empreiteira Odebrecht como interlocutor do senador Romero Jucá (PMDB-RR) no recebimento de supostas propinas para senadores do PMDB.
Segundo o executivo e delator da Odebrecht Cláudio Melo Filho, Renan e Jucá receberam R$ 4 milhões em troca da aprovação de medidas provisórias no Congresso —o que ambos negam.
Além disso, o doleiro e delator Alberto Youssef disse ter ouvido dizer que Lyra seria "operador" de Renan. Endereços ligados a Lyra foram alvos de busca e apreensão da Operação Sépsis.
À PF, Renan disse que conheceu Lyra durante as eleições de 2006 e que teria se encontrado com ele apenas em eventos sociais. Também disse que Lyra "nunca representou os interesses" dele, "formal ou informalmente".
Sobre Melo Filho, Renan disse que o recebeu, junto com outros representantes da Odebrecht, entre 2013 e 2015, para discutir temas em tramitação no Congresso de interesse da empresa.
Em outro inquérito, Lyra foi indagado sobre seu relacionamento com o senador de Alagoas e deu outra explicação. O empresário disse que conhece Renan "há muitos anos" e "possui uma relação de amizade com ele". Disse que "frequentou algumas vezes a casa do senador e vice-versa".
O advogado do senador, Luís Henrique Machado, disse que ele reitera o teor do depoimento, "uma vez que não existe qualquer relação de amizade entre o senador e o senhor Milton Lyra".
A assessoria de Lyra disse que ele "nunca teve qualquer relação profissional" com Renan "ou com qualquer outro parlamentar".
Zanone Fraissat - 13.abr.12/Folhapress | ||
O lobista Milton Lyra, durante evento em 2012 |