quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Defesa de Lula, corrupto número 1 do Brasil, quer novos depoimentos de 13 delatores da Lava-Jato no processo sobre Atibaia


O chefe da organização criminosa tenta de todas as formas adiar a prisão - Douglas Magno/AFP/30-10-2017


Com Cleide Carvalho - O Globo



A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou contrária ao uso de depoimentos já prestados por 13 delatores da Lava-Jato em outros processos e quer que todos sejam ouvidos novamente na ação sobre o sítio de Atibaia. O juiz Sergio Moro havia pedido que defesa e Ministério Público Federal se manifestassem quanto ao uso de depoimentos anteriores dos delatores.

A defesa do ex-presidente quer que falem novamente os empresários Augusto Mendonça (Setal) e Ricardo Pessoa (UTC); os políticos Delcídio do Amaral e Pedro Corrêa; os ex-executivos da Petrobras Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Pedro Barusco; o doleiro Alberto Youssef, os operadores Fernando Soares e Milton Pascowitch e os ex-funcionários da Odebrecht Márcio Faria e Rogério Araújo. Listou ainda Dalton Avancini, ex-executivo da Camargo Corrêa.

Para o MPF, bastaria que quatro delatores prestassem novos depoimentos: Barusco, Cerveró, Ricardo Pessoa e Márcio Faria.

Os advogados de Lula afirmaram, em petição encaminhada a Moro, que não concordam com a utilização de prova emprestada de outras ações. Ressaltaram ainda que a ação sobre o sítio de Atibaia trata de fatos distintos e que, para o exercício da defesa, as testemunhas devem ser ouvidas especificamente sobre os fatos relacionados a este caso.

Na última segunda-feira, o engenheiro Emyr Diniz Costa Junior, um dos delatores da Odebrecht, entregou à Justiça Federal do Paraná uma planilha que relaciona gastos de R$ 700 mil que, segundo ele, teriam sido entregues a ele pelo departamento de propina da empreiteira em dinheiro vivo, para pagamento de materiais de construção usados na reforma do sítio. A planilha tem o título "Aquapolo", que seria identificação do local onde o engenheiro trabalhava e recebeu o dinheiro. Até então, não havia prova de que os valores gastos no sítio tinham saído do departamento de propina da Odebrecht.

A defesa de Lula protestou e taxou a denúncia de "delírio acusatório do MPF, pois a planilha apenas contém valores e não faz qualquer referência ao ex-presidente, apenas a um projeto da Odebrecht ligado à empresa Sabesp. "Não há qualquer conexão entre a planilha e o ex-Presidente Lula e o sítio de Atibaia", afirmaram os advogados, que voltaram a dizer que Lula jamais foi proprietário do sítio ou recebeu valores ilícitos envolvendo a empreiteira e a Petrobras.


REFORMAS DE R$ 1 MILHÃO

O ex-presidente Lula foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por corrupção e lavagem de dinheiro relacionadas ao sítio de Atibaia. Segundo os procuradores, o gasto de R$ 1,020 milhão com obras do sítio, para adequá-lo à família Lula, foram pagos de forma oculta pelas empreiteiras Odebrecht, OAS e Schahin.

O sítio está em nome de Fernando Bittar e Jonas Leite Suassuna Filho, que não foi denunciado pelo Ministério Público Federal. Nesta ação, os procuradores não questionam a propriedade do sítio, que ainda estaria sob investigação.

Entre as provas de que Lula se beneficiou das reformas do sítio estão emails enviados ao Instituto Lula pelo caseiro do sítio, conhecido como Maradona. Em outubro de 2014, por exemplo, Maradona mandou email para o Instituto Lula com o título “armadilha” e informou: “morreu mais um pintinho essa noite e caiu dois gambá nas armadilhas”. Poucos dias depois, com o título “pintinho”: “a pirua esmagou os três pintinhos de pavão que estava com ela.”. Em 21 de abril de 2014, mandou outro com o título “avião aqui na chácara hoje pela manhã”, acompanhado de uma foto.

Na denúncia, os procuradores dizem que Lula recebeu o benefício de obras no sítio como parte da propina por contratos da Petrobras que somam R$ 155 milhões.