quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Diabetes e peso acima do ideal ligados a quase 6% dos casos de câncer no mundo


Mulher obesa na rua na Cidade do México: mais de 2 bilhões de adultos em todo mundo estão acima do peso ideal
Foto: AFP/Ronaldo Schemidt/20-5-2013
Mulher obesa na rua na Cidade do México: mais de 2 bilhões de adultos em todo mundo estão acima do peso ideal - AFP/Ronaldo Schemidt/20-5-2013
Cesar Baima - O Globo


Segundo os pesquisadores, os dois fatores combinados responderam por pelo menos 792,6 mil, ou 5,6%, dos novos casos de câncer registrados naquele ano. Já individualmente, sobrepeso ou obesidade - definidos como um índice de massa corporal (IMC), calculado dividindo o peso em quilos pelo quadrado da altura em metros, acima de 25 – foram ligados a 544,3 mil, ou 3,9%, dos casos de câncer em 2012, enquanto o diabetes foi relacionado a 280,1 mil, ou 2%, deles (o número é superior ao atribuído aos dois fatores conjuntamente porque alguns casos só foram ligados a um deles).

Para fazer a estimativa, os cientistas primeiro angariaram dados sobre a incidência de 12 tipos de câncer que estudos prévios já relacionaram terem maior risco de desenvolvimento em razão de diabetes ou sobrepeso e obesidade – colorretal, vesícula, de pâncreas, fígado, mama pós-menopausa, endométrio, rim, ovário, estômago, tireoide, adenocarcinoma do esôfago e mieloma múltiplo – em 175 países. A seguir, eles cruzaram estes dados com informações sobre a prevalência de diabetes e sobrepeso ou obesidade segundo faixas etárias nestas mesas nações em 2002, usando ferramentas estatísticas para excluir outros fatores de risco até chegarem aos casos da doença surgidos dez anos depois que poderiam ser atribuídos exclusivamente a estas condições. Ainda de acordo com os autores, números atuais apontam para 422 milhões adultos em todo mundo convivendo com o diabetes, enquanto 2,01 bilhões de adultos estão acima do peso.

- À medida que a prevalência destes fatores de risco (diabetes e sobrepeso ou obesidade) para o câncer aumenta, esforços clínicos e de saúde pública devem se focar em medidas preventivas e de triagem populacionais e para pacientes individuais – defende Stuttard. - É importante implementar políticas de alimentação eficientes para abordar a crescente prevalência do diabetes, do IMC alto e de outras doenças relacionadas a estes fatores de risco.

Alerta parecido foi feito por Flávia Conceição, presidente da regional do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM-RJ), que destaca que diabetes e IMC alto são cada vez mais reconhecidos como fatores de risco para o desenvolvimento de alguns tipos de câncer.

- O câncer vem surgindo como mais uma complicação esperada do diabetes e obesidade, do mesmo modo como antes falava-se muito de doenças cardiovasculares e hipertensão como consequências destas condições – diz. - E este estudo é muito importante por mostrar que com o aumento da prevalência de diabetes e obesidade podemos esperar também um aumento da prevalência destes tipos de câncer a eles associados.

De fato, o estudo calcula que o aumento no número de pessoas com diabetes entre 1980 e 2002 levou ao aparecimento de 77 mil novos casos de câncer atribuíveis a estas condições, numa alta de 26,1%. Já a elevação na quantidade de pessoas com IMC alto desencadeou 174 mil novos casos da doença, num avanço de 31,9% no mesmo período.