Ex-jogador disse que o dirigente suíço é "o homem mais egoísta" que já conheceu. Ambos estão banidos do futebol por suspeitas de corrupção
Platini e Blatter, nos tempos de aliança. Francês falou após um ano de silêncio (Alex Grimm/Getty Images/VEJA)
Sentindo-se traído por seu antigo aliado político, o ex-presidente da Uefa Michel Platini fez duras críticas ao ex-presidente da Fifa, Joseph Blatter. O ex-jogador, que foi banido do futebol por seis anos por causa de um pagamento suspeito feito por Blatter, ficou um ano afastado da imprensa, mas quebrou o silêncio nesta quinta-feira em entrevista ao jornal francês Le Monde.
Platini era sucessor natural de Blatter na presidência da Fifa, mas sofreu as primeiras sanções pouco antes do pleito de 2015, o que impediu sua candidatura – o eleito foi Gianni Infantino, que era seu braço-direito na Uefa. Platini voltou a jurar inocência e culpou Blatter por sua punição.
“Eu não sei o que fiz de errado. No fim, ele tentou salvar a própria pele. Blatter não defende ninguém mais além dele mesmo. Ele nunca me defendeu. É a pessoa mais egoísta que já conheci na minha vida”, afirmou o ex-jogador da seleção francesa e da Juventus.
Platini ainda admitiu, não em tom elogioso, as “habilidades políticas” de Blatter”. “Não é qualquer um que me fascina. Nem sempre devemos acreditar no que diz, pois ele dirá sempre o que vocês quer ouvir. É um animal político excepcional”, disse. “Ele pensou que iria envelhecer, morrer e ser enterrado na Fifa”, completou. O dirigente suíço presidiu a entidade de 1998 até 2015.
Blatter e Platini, foram punidos em 2015 por causa de um pagamento suspeito feito pelo primeiro para o segundo, no valor de 2 milhões de francos-suíços (cerca de 8 milhões de reais), sem registro em contrato. Platini alegou que o valor se referia a serviços prestados como conselheiro da Fifa, cargo que ocupou de 1998 a 2002. A Fifa pagou Platini em fevereiro de 2011, nove anos depois do fim do trabalho e semanas antes de uma disputa presidencial entre Blatter e o catariano Mohamed bin Hammam. Ambos buscavam o apoio do presidente da Uefa naquele momento.
