sexta-feira, 31 de março de 2017

Jornalista colombiana é agredida por militares na Venezuela

O Estado de São Paulo

Correspondente em Caracas da rádio Caracol foi cercada e arrastada por 10 membros da Guarda Nacional Bolivariana perto do Tribunal Supremo de Justiça; chancelaria colombiana acionou canais diplomáticos para 'expressar preocupação' ao presidente Nicolás Maduro



BOGOTÁ - A governo da Colômbia condenou nesta sexta-feira, 31, a agressão em Caracas de uma jornalista de uma rádio colombiana por militares venezuelanos (veja abaixo) durante uma manifestação de estudantes nos arredores do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ). O grupo protestava contra a decisão do órgão de assumir as funções legislativas no país no lugar da Assembleia Nacional.
"O Ministério de Relações Exteriores, em nome do governo da Colômbia, rechaça a agressão contra a jornalista Ely Angélica González, correspondente em Caracas da rádio Caracol", disse a chancelaria em nota. De acordo com o texto, a jornalista "foi atacada por membros da Guarda Nacional da Venezuela quando cumpria funções pertinentes a seu cargo".

Foto: AP Photo/Ariana Cubillos
Jornalistas fogem de membros da Guarda Nacional Bolivariana em Caracas; correspondente de rádio colombiana foi agredida enquanto acompanhava manifestação de estudantes
Jornalistas fogem de membros da Guarda Nacional Bolivariana em Caracas; correspondente de rádio colombiana foi agredida enquanto acompanhava manifestação de estudantes
"Dez pessoas me chutaram, eram dez pessoas ao meu redor, gritando, puxando meu cabelo. Um me carregava pela perna, outro pelo braço e me jogavam de um lado para o outro", disse Ely, aos prantos, ao explicar a agressão em um programa da rádio para a qual trabalha.
A comunicadora afirmou que depois da agressão dos guardas, entre os quais mulheres, ficou com o corpo todo arranhado. "Eu gritava para eles o que podia gritar. Dizia que era jornalista, que estava fazendo meu trabalho, mas aqui isso parece que é o mesmo que ser um delinquente", disse.
A chancelaria afirmou que utilizou canais diplomáticos para expressar ao governo de Nicolás Maduro "sua preocupação e sua oposição a este ataque ao livre exercício da liberdade de expressão". Ao mesmo tempo, "está solicitando as garantias e medidas apropriadas para o exercício do trabalho jornalístico" no país.
Já o diretor de notícias da rádio Caracol, Darío Arizmendi, afirmou que o veículo já apresentou uma denúncia na Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol) e também na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). 
Várias associações e agremiações de imprensa da Colômbia também se manifestaram depois do episódio. Em uma carta conjunta, eles qualificaram como um ato de censura a agressão sofrida por Ely.
"Estes acontecimentos não são apenas humilhantes, autoritários, cruéis e desumanos contra uma jornalista mulher, mas também constituem uma grave violação da liberdade de imprensa e coloca em questionamento as garantias dos correspondentes internacionais que cobrem a difícil conjuntura atravessada pela Venezuela", diz o documento. / AFP