Correspondente em Caracas da rádio Caracol foi cercada e arrastada por 10 membros da Guarda Nacional Bolivariana perto do Tribunal Supremo de Justiça; chancelaria colombiana acionou canais diplomáticos para 'expressar preocupação' ao presidente Nicolás Maduro
BOGOTÁ - A governo da Colômbia condenou nesta sexta-feira, 31, a agressão em Caracas de uma jornalista de uma rádio colombiana por militares venezuelanos (veja abaixo) durante uma manifestação de estudantes nos arredores do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ). O grupo protestava contra a decisão do órgão de assumir as funções legislativas no país no lugar da Assembleia Nacional.
"O Ministério de Relações Exteriores, em nome do governo da Colômbia, rechaça a agressão contra a jornalista Ely Angélica González, correspondente em Caracas da rádio Caracol", disse a chancelaria em nota. De acordo com o texto, a jornalista "foi atacada por membros da Guarda Nacional da Venezuela quando cumpria funções pertinentes a seu cargo".
"Dez pessoas me chutaram, eram dez pessoas ao meu redor, gritando, puxando meu cabelo. Um me carregava pela perna, outro pelo braço e me jogavam de um lado para o outro", disse Ely, aos prantos, ao explicar a agressão em um programa da rádio para a qual trabalha.
A comunicadora afirmou que depois da agressão dos guardas, entre os quais mulheres, ficou com o corpo todo arranhado. "Eu gritava para eles o que podia gritar. Dizia que era jornalista, que estava fazendo meu trabalho, mas aqui isso parece que é o mesmo que ser um delinquente", disse.
A chancelaria afirmou que utilizou canais diplomáticos para expressar ao governo de Nicolás Maduro "sua preocupação e sua oposição a este ataque ao livre exercício da liberdade de expressão". Ao mesmo tempo, "está solicitando as garantias e medidas apropriadas para o exercício do trabalho jornalístico" no país.
Así agredieron a la periodista frente al TSJ. Como diría @LuisCarlos "golpear gente debe ser la actividad favorita de los uniformados". pic.twitter.com/NI0Pg7RFHz — Olga Palis (@olgapalis) 31 de março de 2017
Já o diretor de notícias da rádio Caracol, Darío Arizmendi, afirmou que o veículo já apresentou uma denúncia na Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol) e também na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Várias associações e agremiações de imprensa da Colômbia também se manifestaram depois do episódio. Em uma carta conjunta, eles qualificaram como um ato de censura a agressão sofrida por Ely.
"Estes acontecimentos não são apenas humilhantes, autoritários, cruéis e desumanos contra uma jornalista mulher, mas também constituem uma grave violação da liberdade de imprensa e coloca em questionamento as garantias dos correspondentes internacionais que cobrem a difícil conjuntura atravessada pela Venezuela", diz o documento. / AFP