quinta-feira, 30 de março de 2017

PGR denuncia governador de Goiás, Cachoeira e Cavendish por corrupção


Marconi Perillo (PSDB) - Ailton de Freitas / Agência O Globo


André de Souza - O Globo

Pagamentos a Marconi Perillo teriam sido viabilizados por empresas de fachada operadas pelo bicheiro


O vice-procurador-geral da República, José Bonifácio Borges de Andrada, denunciou o governador de Goiás, Marconi Perillo, pelo crime de corrupção passiva. A acusação diz que ele recebeu R$ 90 mil de propina da empresa Delta Construções para, em troca, beneficiá-la com contratos no estado. A defesa do governador nega irregularidades.


Também foram denunciados, por corrupção ativa, outras três pessoas: o bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira; o empreiteiro Fernando Cavendish, da Delta; e Cláudio Dias ABreu, que era diretor da empresa no Centro-Oeste.

Segundo Bonifácio, Marconi recebeu propina para beneficiar a Delta em contratos do estado de Goiás entre 2011 e 2012. Marconi foi governador de 1999 a 2006. Entre 2007 e 2010, exerceu o mandato de senador, voltando a se eleger governador, cargo que assumiu novamente em 2011. Segundo o vice-procurador, os valores dos contratos da Delta em Goiás pularam de R$ 5 milhões para R$ 70 milhões após Marconi se tornar novamente governador.

"O papel do acusado Marconi Perillo, então Governador do Estado de Goiás, era central. Com a assunção à chefia do executivo estadual em 01/01/2011, Perillo chancelou o violento aumento do número de contratos de diversas áreas da Administração entregues à Delta Construções, em virtude do que recebeu vantagens indevidas dos demais acusados, por meio de empresas fantasma criadas para tanto", escreveu Bonifácio.

Segundo a denúncia, a criação das empresas fantasma cabia a Cachoeira. O esquema era usado para corromper outros agentes públicos do estado. "Carlinhos Cachoeira, fomentado por Cavendish e Cláudio, organizou a distribuição das vantagens. Registre-se que a empresa fantasma cumpriu o seu papel de núcleo distribuidor de vantagens indevidas, já que nesse período entregou a pessoas diversas R$ 21.808.584,93. Tudo isso, sem apresentar nenhum funcionário sequer", sustentou o vice-procurador, fazendo referência a uma das empresas usadas por Cachoeira.

A propina, segundo Bonifácio, foi repassada em duas parcelas e foram usadas para o pagamento de dívidas de campanha. O primeiro repasse, no valor de R$ 45 mil, foi em 14 de abril de 2011. O segundo, também de R$ 45 mil, em 18 de maio do mesmo ano. Em troca, Marconi ampliou o número de carros da Delta locados pela Secretaria de Segurança Pública goiana.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), a denúncia se baseia em extratos bancários e interceptações telefônicas, entre outras provas. O relator é o ministro Humberto Martins. Caso a denúncia seja aceita, Marconi vira réu.

O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende Marconi, diz que não há fundamento para a abertura da ação penal e demonstrou convicção de que o caso será arquivado. "Imaginar que um Governador de Estado dê qualquer vantagem a pessoas ou empresas em troca de 2 pagamentos de 45 mil reais é fruto do momento punitivo pelo qual passa o pais", disse o advogado em nota.

Em outro ponto, ele disse: "O andamento das apurações demonstrou que os fatos em questão, bem como os demais a ela relacionados, não foram comprovados, e não houve qualquer benefício ou vantagem a pessoas ou empresas."