quarta-feira, 29 de março de 2017

Citado na Lava Jato à exaustão, Aécio quer lista fechada só para a próxima eleição


Aécio Neves planeja discutir avanço na reforma política - Givaldo Barbosa / Agência O Globo


Maria Lima - O Globo


Tucano diz que proposta vai começar a ser discutida com partido na próxima semana


Depois de uma conversa com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no fim de semana, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), comunicou nesta quarta-feira que discutirá no partido, a partir da próxima semana, um avanço na reforma política. A iniciativa refere-se à apresentação de uma proposta que prevê a adoção do sistema de lista fechada de candidatos por partido, exclusivamente para a próxima eleição, com financiamento público. Esse sistema, segundo Aécio defende, migraria para o voto distrital misto para as eleições seguintes.

A proposta contraria a posição de Fernando Henrique, que se posicionou contra a lista fechada, argumentando que tem “cheiro de impunidade” e tinha como objetivo facilitar a reeleição dos parlamentares, muitos alvos da Lava-Jato, evitando assim a perda do foro privilegiado. Essa diferença foi tema da conversa com Aécio, que agora irá debater a proposta com o partido.

Sobre as críticas de possíveis interpretações sobre proteção dos envolvidos na Lava-jato, em 2018, Aécio disse que vai colocar a proposta para que ela seja debatida. O senador disse que o primeiro passo é aprovar na Câmara a PEC de sua autoria, com o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que institui cláusulas de barreira.

— Vamos discutir a lista fechada transitória para essa eleição, com financiamento público. Na própria lei haverá uma trava dizendo que as próximas eleições serão realizadas com o voto distrital misto. Quero casar a lista fechada com uma transição branda para o voto distrital misto. É um preço a se pagar — explicou Aécio.

Ele diz que, não sendo possível voltar ao financiamento privado, é preciso fazer a lista fechada, com o fundo público, e depois migrar para o distrital misto.
— O povo quer voltar ao financiamento privado? Não. Alguém vai ter que pagar. Quem sabe essa proposta seja uma saída salomônica, equilibrada, não seja uma lista fechada definitiva — defendeu Aécio.