THAIS BILENKY - Folha de São Paulo
Vinte e cinco instituições financeiras dos EUA estão chamando a atenção. Têm entre US$ 5 bilhões e US$ 50 bilhões em ativos, trazem retorno "aceitável" para seus acionistas e, desde 2008, crescem em ritmo acelerado tomando cada vez mais participação de grandes bancos.
Conhecidos como "bancos desafiadores", eles estão crescendo a taxas de 9% ao ano desde 2010 graças à atuação do Fed, o banco central americano, que desde a crise financeira de 2008 passou a impor regras mais duras aos grandes bancos.
As regulações impostas pelo Fed reduziram a lucratividade das operações das maiores instituições, que foram obrigadas a reforçar o caixa para garantir para a autoridade reguladora que seria capaz de suportar estresses (recessão forte, por exemplo).
Em julho de 2015, o Fed apertou ainda mais o cerco ao obrigar os oito maiores bancos a ampliar o capital como proteção a eventuais perdas. Ao JPMorgan Chase, por exemplo, foi imposta ampliação correspondente a cerca de 4,5% de seus ativos.
"A exigência de capital faz com que seja muito difícil aos bancos obter retorno aceitável para os acionistas", disse, em entrevista a jornalistas estrangeiros, Thomas Michaud, presidente do KBW, banco de investimento e corretora com operações na América do Norte, na Europa e no Japão.
"O Fed quer bancos menores, mais simples e mais seguros. Vamos começar a ver os grandes tomando medidas para serem mais lucrativos neste ambiente regulatório, o que significa encolher."
EM ALTA
Enquanto as grandes instituições perdem espaço, a participação no mercado dos "bancos desafiadores" aumenta 9% ao ano desde 2010, segundo o KBW, e agora responde por 7,5% do total de ativos nos EUA.
Os bancos desafiadores costumam ser separados em dois grupos. Dez deles se diferenciam pela agilidade com que usam tecnologias e pela especialização em nichos.
Entre eles, há o Bank of Internet (sede na Califórnia) e o Ever Bank (sede na Flórida) –ambos operam sem agências. Referência entre os pares, o Silicon Valley Bank (banco do Vale do Silício) possui poucas agências e oferece serviço especializado de auxílio aos clientes.
As outras 15 instituições atuam de modo tradicional, mas em escala local e com maior eficiência, como o Pinnacle e o Eagle Bancorp.
"As possibilidades de se fazer transações de um smartphone sugerem que há agências demais no país", diz Frederick Cannon, diretor de pesquisa do KBW.
"Mas tendemos a não acreditar que seja uma situação como a dos táxis versus Uber, porque a ideia de que uma start-up possa tirar o controle dos reguladores sobre o sistema de pagamento não vai acontecer", diz Cannon.
O futuro, segundo ele, é a maior integração entre a indústria bancária e start-ups.
"Isso nos parece chave."