Crítico do presidente russo, Boris Nemtsov foi assassinado a tiros na
noite de sexta-feira em uma ponte de Moscou
Manifestantes durante a passeata em homenagem a Boris Nemstov, no centro de Moscou(Sergei Karpukhin/Reuters)
Políticos e partidários da oposição ao presidente Vladimir Putin realizam neste domingo uma passeata que atrai milhares de pessoas ao centro de Moscou em memória do líder opositor Boris Nemtsov, assassinado a tiros perto do Kremlin na noite de sexta-feira. A manifestação, originalmente um protesto contra a interferência do Kremlin nos conlfitos civiis na Ucrânia, foi autorizada pela prefeitura da capital russa, como prevê a lei - foi dado aval para a participação de até 50.000 pessoas.
A passeata passará pela ponte sobre o rio Moscou, onde Nemtsov, que tinha 55 anos, foi atingido por quatro tiros disparados de dentro de um carro. As autoridades moscovitas adotaram medidas para garantir a segurança durante a manifestação.
"Fazemos um apelo a todos que vão a participar da passeata que sejam compreensivos com o trabalho da polícia a fim de que não aconteceçam incidentes nem provocações", disse o chefe do Departamento de Segurança da Prefeitura, Alexei Majorov.
A oposição atribuiu o assassinato de Nemtsov à intolerância em relação à dissidência que reina no país."As autoridades criaram um clima de ódio, inimizade e perseguição ao tachar de traidores a oposição. Tudo isto não podia acabar de outra maneira", declarou o ex-deputado russo Gennady Gudkov.
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Nemtsov foi atingido pelas costas por uma pessoa que estava em um carro que fugiu do local, informou a agência Interfax. O atirador disparou quatro vezes contra a vítima, que caminhava perto do Kremlin, acompanhado por uma mulher. O político foi vice-primeiro-ministro na administração de Boris Ieltsin nos anos 1990. Atualmente, ele era deputado pela região de Yaroslavl e copresidia o partido liberal RPR. "Que um líder da oposição possa ser baleado sob os muros do Kremlin é algo que está além da imaginação. Só pode haver uma versão para isso: ele foi morto por dizer a verdade", disse a jornalistas outro líder opositor, Mikhail Kasyanov, em declaração reproduzida pela agência Reuters.
Putin condenou o assassinato e prometeu à mãe de Nemtsov que "fará tudo para que organizadores e autores materiais deste assassinato recebam seu merecido castigo". O autocrata determinou que a investigação será comandada pelas agências de segurança. Ele acrescentou que o assassinato teria sido encomendado como uma "provocação" na véspera de um grande protesto contra a crise na Ucrânia, onde separatistas apoiados por Moscou têm dominado parte do território.
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Em 2012, Nemtsov divulgou um relatório sobre a vida nababesca do presidente russo. O documento listava os itens luxuosos à disposição de Putin: vinte palácios e mansões, 58 aviões e helicópteros e quatro barcos. A VEJA, o opositor disse ter começado a fazer o levantamento ao perceber, em fotos de jornal, que Putin troca de relógio de luxo como quem troca de meia. "Na Rússia, o relógio é um dos maiores símbolos de status masculino. Trata-se de uma herança dos tempos soviéticos, quando esse acessório era o único que a elite nacional podia ostentar".