Ex-governador gaúcho recomendou afastamento preventivo do dirigente.
Vaccari é réu na Lava Jato sob a acusação de corrupção e lavagem.
O ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT) defendeu nesta segunda-feira (30) o afastamento do petista João Vaccari Neto do comando da Secretaria de Finanças do Partido dos Trabalhadores. Vaccari é um dos réus da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), acusado de intermediar, com fornecedores da Petrobras, o pagamento de propina para o partido. Ele responde processo na Justiça Federal por corrupção e lavagem de dinheiro.
Tarso participou na tarde desta segunda de reunião da executiva nacional do PT com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo. Em entrevista a jornalistas, o ex-governador afirmou que, independentemente da vontade de Vaccari, a direção petista deve analisar as provas que já foram apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF) envolvendo o tesoureiro e, se considerar que a denúncia está "fundamentada", tem de afastá-lo de forma preventiva do cargo.
"Acho que se Vaccari não tomar a decisão [de pedir o afastamento do cargo de tesoureiro do PT], minha opinião é que o partido deve examinar as provas da denúncia que existe e, se a denúncia for fundamentada, tem que fazer o afastamento preventivo. [...] Se ele foi denunciado, e a denúncia foi aceita, o partido deve pedir que ele se afaste. E se ele não se afastar, afastá-lo preventivamente", opinou.
De acordo com a denúncia do MPF, Vaccari participava de reuniões com o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque para tratar de pagamentos de propina, que era paga por meio de doações oficiais ao PT. Dessa maneira, afirmam os procuradores da República, os valores chegavam à sigla como doação lícita, mas eram oriundas de propina.
O tesoureiro do PT, relatou o Ministério Público na denúncia, indicava em que contas deveriam ser depositados os recursos de propina. Os procuradores apontam que, em 18 meses, ocorreram 24 doações ao Partido dos Trabalhadores no valor de R$ 4,260 milhões por parte de empresas investigadas pela Lava Jato.
Na ocasião, Tarso exigiu rigor nas investigações envolvendo o tesoureiro do PT. “Se o tesoureiro do partido compartilhou de qualquer procedimento ilegal, ele [Vaccari] tem que ser expulso imediatamente. A minha visão, inclusive, é de que o partido, através de advogados que manuseiam esse processo, deve verificar se existe algum indício de participação dele e expulsar imediatamente, sem esperar julgamento”, disse o petista na época.'Expulsão impediata'
Em novembro do ano passado, quatro meses antes de João Vaccari se tornar réu na Lava Jato, o ex-governador Tarso Genro defendeu ao G1 a "expulsão imediata" do PT de eventuais filiados, antes de qualquer julgamento, caso indícios de evolvimento no esquema de corrupção investigado pela operação policial sejam detectados em instâncias internas da sigla.