O Globo
Protesto desta vez ocorre em cerimônia com a presença de 25 mil agentes
NOVA YORK — Em mais um momento que evidencia a tensão entre o Departamento de Polícia de Nova York e o prefeito da cidade, Bill de Blasio, agentes da corporação voltaram a dar as costas durante um discurso dele. O protesto silencioso, que já havia ocorrido em outras aparições de De Blasio, desta vez foi durante a mensagem do prefeito no funeral do policial Rafael Ramos, assassinado semana passada.
De acordo com o porta-voz do Departamento de Polícia de Nova York, Stephen Davis, o funeral foi provavelmente o maior da História da corporação. O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, esteve presente. As ruas ao redor da igreja onde foi realizada a cerimônia ficaram lotadas por cerca de 25 mil oficiais em uniformes azuis, incluindo agentes das polícias de Boston, Atlanta, Saint Louis e Nova Orleans.
— Nossos corações estão doloridos hoje. A cidade de Nova York perdeu um herói — discursou De Blasio, sendo aplaudido pela audiência dentro da igreja.
Do lado de fora, entretanto, centenas de agentes viraram as costas para os telões que transmitiam os discursos.
Dois policiais foram assassinados no Brooklyn na semana passada. O crime, cometido por Ismaaiyl Brinsley, foi uma aparente vingança pela morte dos negros Eric Garner, em Staten Island, Nova York, e Michael Brown, em Ferguson, no Missouri, por policiais brancos.
Os agentes da cidade queixam-se de que o prefeito não deu apoio à corporação quando Garner foi morto. Reclamam também da falta de equipamentos e funcionários para monitorar a internet e procurar potenciais ameaças. Do outro lado, a comunidade negra acusa a polícia de dezenas de mortes injustificadas, em número cada vez maior.