sábado, 27 de dezembro de 2014

Lucros da indústria da China sofre a maior queda em mais de dois anos. Baixou o espírito de Dilma ´trambique` lá

Reuters

Setor de mineração registrou ganhos 44,4% menores. Já empresas que trabalham com tecnologia tiveram crescimento


XANGAI - Os lucros industriais da China recuaram 4,2% em novembro a 676,12 bilhões de iuanes, dados oficiais revelaram neste sábado. Esta é a maior queda anual desde agosto de 2012, com a economia enfrentando reveses na segunda metade do ano.

Apesar do número negativo em novembro, os lucros acumulados nos primeiros onze meses do ano foram 5,3% maiores do que no mesmo período de 2013, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas da China.

O órgão atribuiu a retração em novembro a vendas em declínio e à longa fraqueza do poder de precificação dos produtores.

“A crescente queda de preços reduziu o espaço para lucro”, disse a agência, que completou afirmando que o impacto dos preços do carvão, petróleo e materiais básicos caindo aos menores níveis em anos “foi extremamente claro”.

Como a análise da agência sugere, a redução dos lucros líquidos do setor industrial foi causada, principalmente, pela fraqueza na mineração de carvão, e das indústrias de petróleo e gás, com os ganhos em novembro recuando 44,4% e 13,2%, respectivamente.

NEGÓCIOS DE TECNOLOGIA CRESCEM


No lado positivo, as indústrias chinesas de tecnologia viram os lucros crescerem fortemente no último mês. Nas empresas de telecomunicações, o aumento foi de 20,7%, já nas de eletrônicos e máquinas, foi de 15,1%, ao passo que nas fabricantes de automóveis registrou-se avanço de 16,7%.

“Isso sugere que, de um lado, no contexto de demanda de investimento fraca, a demanda de consumo estável deu uma espécie de apoio; por outro lado, promover a reestruturação da indústria está surtindo um efeito positivo na eficiência”, aponta a análise do Escritório de Estatísticas.

Contudo, o desequilíbrio na natureza das performances destacam um dilema enfrentado pelos reguladores. Eles querem reestruturar a economia chinesa, afastando-a das indústrias pesadas e de crédito, buscando aproximá-la dos produtos tecnológicos leves e serviços. Ao mesmo tempo, eles devem evitar causar uma crise no sistema financeiro.

Se Pequim autorizar fechamentos em massa entre antigos campeões da indústria agora enfraquecidos usando como justificativa a transformação econômica, há o risco de forçar uma onda de maus empréstimos nos balanços de bancos. Isso faria com que as instituições ficassem ainda mais relutantes na concessão de crédito para as companhias da próxima geração que as autoridades querem que sejam ajudadas.

Economistas estão debatendo se as medidas monetárias adotadas nos últimos meses — incluindo o corte nas taxas de juros em novembro — podem se mostrar efetivas em um contexto no qual muitas empresas estão em busca de capital para, primeiramente, rolar as dívidas existentes em meio a uma demanda fraca dos consumidores, enquanto as companhias de mais sucesso continuam relutantes em pegar empréstimos.