domingo, 31 de julho de 2022

'Ataques à democracia', revela J.R. Guzzo

Nunca um governo levou tanta pancada dos meios de comunicação como agora, nos editoriais e no noticiário, e nunca houve tanta liberdade de imprensa

Fachada do STF  | Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF
Fachada do STF | Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF

Nada é mais fácil de se encontrar por aí, hoje em dia, do que abaixo-assinados, manifestos e proclamações em favor da democracia; são tantos, na verdade, que acaba ficando confuso para o público acompanhar com clareza o que, exatamente, está em discussão. 

Os mais recentes, ao que parece, vêm de banqueiros, empresários comuns e empresários socialistas empenhados em apresentar, também eles, as suas aflições com os perigos que o estado de direito estaria correndo hoje no Brasil. 

Pelo que deu para entender, acham que o responsável por tais ameaças é o governo federal e, de um modo geral, quem pensa que as urnas eletrônicas podem ter falhas; isso seria golpe etc. etc.

A multiplicação dos manifestos pode levantar várias questões diferentes. 

Uma delas é a seguinte: não parece claro para o cidadão comum quais são os casos concretos de ataque ao regime democrático que aconteceram nos últimos três anos — ou quem, mais exatamente, está de fato sentindo falta de democracia no Brasil neste momento. 

A mídia certamente não é. 

Nunca um governo levou tanta pancada dos meios de comunicação como agora, nos editoriais e no noticiário, e nunca houve tanta liberdade de imprensa; nenhuma autoridade pública praticou qualquer ato de ofício contra jornalistas ou veículos. 

(Não vale dizer que o governo reduziu as verbas de publicidade que pagava para a mídia. Isso não faz falta nenhuma para o cidadão; ao contrário, só ajuda o Tesouro Nacional.)

Não se sabe, também, de quaisquer atos antidemocráticos praticados até hoje contra empresários de qualquer natureza. 

O que se tem na prática, em relação a isso, é possivelmente o maior esforço em favor da liberdade econômica já feito por um governo na história recente deste país. 

Nenhum político foi punido por sua atividade — a não ser, justamente, um dos mais extremados apoiadores do governo: o deputado Daniel Silveira, condenado a quase nove anos de prisão pelo STF. 

O Poder Executivo não desobedeceu a nenhuma lei aprovada pelo Congresso Nacional, ou a qualquer outra lei em vigor no país. 

Cumpriu todas as decisões da justiça — e houve dezenas decisões contra o governo.

Nenhum cidadão brasileiro, tanto quanto se saiba, foi perseguido por suas convicções políticas desde 1º. de janeiro de 2019 até hoje; de novo, só o STF fez isso, em seu inquérito ilegal, inédito e perpétuo contra os “atos antidemocráticos”. 

Quem quer a censura, ou o “controle social”, dos meios de comunicação, não é o governo — é o candidato da oposição à presidência da República. 

Quem quer sabotar as decisões do Congresso são os governadores de Estado — de novo, com o apoio do STF. Como fica, então?

Publicado originalmente no O Estado de S. Paulo 

Leia também“O mistério dos números ilegais”, artigo de J. R. Guzzo publicado na Edição 123 da Revista Oeste

Gazeta do Povo