quinta-feira, 28 de novembro de 2019

“J’Acuse”, por Miranda Sá

“A acusação contra os maus é necessária para que o ser humano se respeite e respeite os seus iguais” (Clarice Lispector)
Muito aplaudido e com algumas vaias, não pela fita, mas pela indicação, o excelente cineasta Roman Polanski lançou o seu novo filme, “J’Acuse”; em que aborda o julgamento por espionagem do capitão Alfred Dreyfus, que abalou a França nos fins do século 19.
O roteiro segue a carta aberta que o escritor Émile Zola dirigiu ao presidente da República, publicada no dia 13 de janeiro de 1898 pelo L’Aurore, jornal parisiense com a impressionante tiragem de 300 mil exemplares na época.
O processo foi uma manifestação típica de racismo. Como judeu, Dreyfus tinha inimigos no exército e foi injustamente incriminado por alta traição e julgado às escondidas, sendo condenado à prisão perpétua.
Um investigador policial, Picquart, resolveu por uma questão de consciência seguir as pistas que levaram à denúncia, e conseguiu mostrar fraudes que ocorreram por trás da punição aplicada pelo tribunal.
Daí Émile Zola comprou a briga e terminou revertendo a pena. Ainda hoje, em forma de livro, a defesa de Dreyfus por ele é um best-seller.
Curioso é que Polanski sofre durante muitos anos, mais da metade de sua vida, incriminações, que considera falsas, e usou a sua arte como uma metáfora do seu caso.
Temos assistido no Brasil contemporâneo processos de flagrante injustiça, e uma Corte Constitucional à mercê do ex-presidente corrupto Lula da Silva, já condenado por três instâncias, e envolvido em vários processos por corrupção e lavagem de dinheiro.
Na onda dessas atitudes seletivas, a culpabilidade de criminosos no País passou a ser tratada com leniência – sem exclusão -, após a suspeita decisão de seis ministros do STF.
Os brasileiros, estão cônscios do perigo que representa a soltura de verdadeiros criminosos do crime organizado, estupradores, homicidas, ladrões, pedófilos e traficantes, por causa da intromissão da política no Supremo graças à maioria que tem bandidos de estimação.
E além do favoritismo flagrante, os togados interferem no Legislativo e no Executivo, o que se reflete numa pesquisa recente – ah, como deveriam ter crédito as pesquisas! -, para 45% dos brasileiros, Judiciário interfere nos outros Poderes.
Não é por acaso que já não se dá crédito à Justiça. As manifestações de rua deveriam influenciar na realidade das evidências judiciárias que favorecem o crime. As multidões refletem a opinião pública e deveriam derrubar a ditadura da meia dúzia que se arvora dona da verdade com as suas próprias mentiras.
Como Émile Zola, eu acuso o STF. Atribuo aos seus integrantes a culpa de zombarem do povo. Acusar é um verbo transitivo direto, bitransitivo e intransitivo significando atribuir falta, infração ou crime a alguém; e também, verbo pronominal que exprime julgamento moral desfavorável a quem está errado.
Este “Acuso” não é somente meu; é de todos aqueles que desejam um Brasil respeitado no concerto das nações como um Pais igualitário e justo.
E a acusação deveria ser sempre vinda por quem comete um erro e se arrepende, se culpe e se corrija, o que não é o caso dos que agem ideológica e partidariamente neste jogo em que o povo chuta com a bola do patriotismo, fazem gol, e os inimigos da justiça boa e perfeita apelam para o VAR da impunidade.