segunda-feira, 1 de abril de 2019

Google, Apple, Shell? Nenhuma delas: saiba qual é a empresa mais lucrativa do planeta

DUBAI — O primeiro balanço financeiro da Saudi Aramco, a estatal de petróleo da Arábia Saudita, confirmou o que analistas do mundo inteiro já sabiam: a empresa é a mais lucrativa do planeta e teve ganhos, no ano passado, de nada menos do que US$ 111,1 bilhões.

É uma quantia que supera, em muito, gigantes americanas como Apple, Google, JP Morgan e Exxon Mobil. E rivais de outras nacionalidades, como a anglo-holandesa Shell. Também não é para menos: a Aramco produz cerca de 10% do petróleo do mundo. E só não obtém um lucro maior devido a uma pesada carga tributária imposta pelo reino saudita.

A Aramco tornou público seu balanço financeiro porque se prepara para lançar ações no mercado de capitais. Desde a sua nacionalização, no fim dos anos 1970, esses números não eram mais conhecidos.
Num primeiro momento, a empresa vai lançar títulos de dívida, já que sua abertura de capital foi adiada, e começa nesta segunda-feira um road show para investidores. Os encontros devem ser feitos ao longo de todo o mês e incluem cidades como Londres, Nova York, Boston Hong Kong e Tóquio.
O grande objetivo da Aramco ao levantar capital é comprar uma fatia da petroquímica saudita Sabic, também controlada pelo governo. A operação é uma forma de usar os tentáculos do Estado para reinjetar recursos na própia máquina estatal e, assim, fortalecer a situação fiscal do país.
Os números da Aramco mostram o quanto ela é usada para financiar os gastos militares e as políticas sociais da Arábia Saudita, bem como o estilo de vida luxuoso de dezenas de príncipes. A petrolífera estatal paga 50% de seu lucro em imposto de renda, além de roaylties que começam em 20% da receita da empresa e podem chegar à metade do faturamento, dependendo do preço do petróleo.
— Você não pode dissociar o governo da Aramco, dados o relacionamento muito próximo e a contribuição da empresa para o financiamento geral para a Arábia Saudita — avalia Neil Beveridge, analista de energia da Sanford C. Bernstein & Co., em Hong Kong.
Depois da Aramco, a segunda empresa mais lucrativa do mundo em 2018 foi a Apple, com quase a metade dos ganhos: US$ 59,5 bilhões. A Samsung veio em seguida, com US$ 35,1 bilhões. A Alphabet (dona da Google), ficou em quarto lugar no ranking. No setor de petróleo, a concorrente mais bem colocada na lista não faz nem cosquinha na Amranco: a Shell aparece em sexto lugar, com lucro de US$ 23,4 bilhões em 2018.
LUCROS EM 2018
Compare o resultado da Aramco em relação ao de outras empresas. Valores em US$ bilhões
0
20
40
60
80
100
120
111,11
Saudi Aramco
59,5
Apple
35,1
Samsung
30,7
Alphabet
30,7
JPMorgan Chase
23,4
Shell
20,8
Exxon Mobil
Fontes: Moody's/Bloomberg
Apesar do desempenho, a Aramco não consegue obter o sonhado triple A das agências de classificação de risco, nota que indica confiança dos investidores na empresa.
A Fitch, por exemplo, deu nota A+ à petrolífera e explicou que isso reflete "os forte laços" com o reino saudita, bem como a influência que o príncipe tem na regulação da produção, tributação e distribuição de dividendos da empresa. A nota da Shell é AA-, um degrau acima da rival saudita. 
- Com o tempo, um preço baixo do petróleo poderia causar déficit fiscal na Arábia Saudita, com impactos sobre a Aramco também - afirma Beveridge.
As ambições do príncipe Mohammed bin Salman, no entanto, são enormes quando o assunto é a maior pétolífera do mundo. Seu objetivo é que a companhia seja avaliada em US$ 2 trilhões. Se conseguir, o governo saudita vai embolsar US$ 100 bilhões com a venda no mercado de capitais de uma fatia de apenas 5% da Aramco. Um recorde que vai bater os US$ 25 bilhões levantados pela gigante chinesa do e-commerce Alibaba, de Jack Ma, em 2014.

Bloomberg